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Craque Imortal – Ruud Krol

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Nascimento: 24 de Março de 1949, em Amsterdã, Holanda.

Posições: Zagueiro, Líbero e Lateral

Clubes: Ajax-HOL (1968-1980), Vancouver Whitecaps-CAN (1980), Napoli-ITA (1980-1984) e Cannes-FRA (1984-1986).

Principais títulos por clubes: 1 Mundial Interclubes (1972), 3 Liga dos Campeões da UEFA (1970-1971, 1971-1972 e 1972-1973), 1 Supercopa Europeia (1973), 6 Campeonatos Holandeses (1969-70, 1971-72, 1972-73, 1976-1977, 1978-1979 e 1979-1980) e 4 Copas da Holanda (1969-70, 1970-71, 1971-72 e 1978-1979) pelo Ajax.

 

Principais títulos individuais:

3º Melhor Jogador da Europa pela Revista France Football: 1979

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1974 e 1978

Eleito para a Seleção dos Sonhos da Holanda do Imortais: 2020

 

“Defensor Total”

Por Guilherme Diniz

Depois do brasileiro Nilton Santos inovar nos anos 50 e 60 ao se arriscar no ataque mesmo sendo lateral de origem (indo contra os padrões da época), os anos 70 ficaram marcados pelo surgimento de um dos mais completos defensores do futebol mundial, capaz de jogar maravilhosamente bem como lateral-esquerdo, lateral-direito, zagueiro central e até líbero. E mais, poder jogar em outras posições e ajudar no ataque, marcando gols. Esse jogador foi Rudolf Josef Krol, o Ruud Krol, uma das peças que fizeram o Carrossel Holandês da Copa de 1974 dar show e quase conquistar o mundo. Krol fez sua carreira no Ajax, ao lado dos craques da seleção e do técnico Rinus Michels, sendo o soberano da lateral esquerda e da zaga da equipe de 1968 até 1980, conquistando todos os títulos possíveis pelo clube. Já consagrado, Krol se arriscou, no início da década de 80, no futebol norte-americano, italiano e até francês. Ele foi durante anos o recordista em jogos pela Laranja com 83 partidas disputadas, sendo 14 em Copas do Mundo, todas as das campanhas dos vices mundiais em 74 e 78. É hora de relembrar a carreira de um dos grandes nomes do futebol mundial e um dos precursores dos chamados jogadores modernos.

 

Treinando é que se aprende

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Krol começou sua carreira de futebolista no Ajax, da Holanda, em 1968, quando ingressou na equipe alvirrubra como defensor. Destro, ele pensava em jogar na lateral-direita, mas nela já havia Suurbier, titular da equipe. Por conta disso, o craque teve que treinar durante muito tempo sua outra perna para poder se adaptar à lateral-esquerda, o que deu certo e lhe rendeu mais uma função a desempenhar no sistema defensivo do técnico Rinus Michels. Depois de integrar as equipes juvenis, Krol subiu para o time principal do Ajax em 1969. Foi nesse mesmo ano que o jovem, com apenas 20 anos, fez sua estreia pela seleção da Holanda, num jogo contra a Inglaterra, e viu do banco de reservas seu time perder a final da Liga dos Campeões da UEFA para o Milan de Gianni Rivera e Pierino Prati por 4 a 1. A falta de experiência do jovem time holandês foi crucial para determinar a vitória do rival. Mas o jogo serviu como aprendizado para o Ajax conhecer os caminhos para vencer a Liga dos Campeões muito em breve. Aquele revés seria o último que o clube sofreria. Em 1970, Amsterdã seria a capital da bola e da revolução do futebol.

 

A transformação do Ajax

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Antes de Rinus Michels ficar notável pela implantação do Futebol Total no Ajax, o treinador Jack Reynolds foi o pioneiro desse esquema de jogo no começo do século XX. Treinador também do Ajax por 33 anos, Reynolds treinou o então jogador Michels, que aprendeu com seu mestre a arte da rotatividade em campo. Com ampla bagagem, Michels decidiu logo em seu primeiro ano de Ajax, em 1965, fazer seu time jogar naquele método. E deu certo. Beneficiado pela brilhante safra de bons jogadores que despontava no clube, o Ajax venceu três Campeonatos Holandês consecutivos de 1966 a 1968, além de uma Copa da Holanda em 1967. Com um futebol envolvente e inovador, aquele time começaria um domínio que há tempos não se via na Holanda e, principalmente, na Europa.

 

Títulos e amadurecimento

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No final de 1969 e início de 1970, o Ajax ganhou os reforços de Neeskens e Arie Haan, além da titularidade de Ruud Krol na zaga. Era o que o time precisava para brilhar novamente na Holanda e vencer o campeonato nacional, ficando à frente do Feyenoord, campeão da Liga dos Campeões de 1970. O Ajax marcou 100 gols e sofreu apenas 23 em 34 partidas. Uma campanha impecável com 27 vitórias, 6 empates e apenas uma derrota! Para coroar a temporada, o time ainda venceu a Copa da Holanda em cima do PSV. Os títulos credenciaram a equipe na Liga dos Campeões de 1970/1971.

Nesse tempo, Ruud Krol se mostrava cada vez mais focado em sua carreira, resistindo às tentações da vida noturna de Amsterdã e não se deixando levar pelos rabos de saias das garotas holandesas. O foco era tanto que era preciso que o próprio técnico Rinus Michels dissesse para o jovem relaxar às vezes, por ver que o defensor estava estressado demais. Krol relaxava, claro, mas nunca antes de uma partida importante.

 

Em busca da glória europeia

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O Ajax de Krol estava “mordido” pelo fato de o Feyenoord ter sido o primeiro clube holandês campeão europeu. Na temporada 1970-1971 o time tinha a chance de igualar o feito do rival e colocar aquela brilhante geração comandada por Rinus Michels no mapa da Europa. Na primeira fase, o time passou pelo Nëntori Tirana, da Albânia, após empate em 2 a 2 e vitória por 2 a 0. Na segunda fase, duas vitórias contra o Basel, da Suíça, por 3 a 0 e 2 a 1. Nas quartas de final, embate duro contra o bom Celtic (ESC) daquela época. No primeiro jogo, Cruyff, Hulshoff e Keizer fizeram a diferença e anotaram os 3 a 0 do Ajax. Na volta, a derrota por 1 a 0 não foi suficiente para eliminar o time holandês, que avançou. Nas semifinais, o time encarou o Atlético de Madrid (ESP). No primeiro jogo, vitória espanhola por 1 a 0. Na volta, o baile de sempre do Ajax em Amsterdã: 3 a 0, gols de Neeskens, Suurbier e Keizer.

 

Europa conquistada

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Na final, disputada no estádio Wembley, em Londres, Krol não pôde jogar por conta de uma contusão. Por isso, ele teve de ver à distância seu time encarar o surpreendente Panathinaikos, da Grécia, do artilheiro Antoniadis e comandado no banco de reservas pelo mito Puskás, que se aventurava como técnico. Com gols de Van Dijk e Arie Haan, o Ajax igualou o feito do rival de Roterdã (Feyenoord) e conquistou sua primeira Liga dos Campeões da UEFA. O time não quis disputar o Mundial Interclubes daquele ano, dando a vaga para o vice-campeão. O clube queria mesmo era continuar seu reinado no continente.

 

Soberania

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Mesmo com a dolorosa perda do técnico Rinus Michels, que partiria para o Barcelona-ESP, o Ajax continuou forte, com o ótimo técnico romeno Stefan Kovács. O campeonato nacional de 1970-1971 foi perdido para o Feyenoord, mas na temporada 1971-1972 o clube conquistou novamente o título Holandês, com uma campanha ainda mais impressionante que a de 1969-1970: 30 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota em 34 jogos, com 104 gols marcados e 20 sofridos. Na Copa da Holanda, novo título, o terceiro consecutivo.

Na Liga dos Campeões, o Ajax começou a defender o seu título europeu contra o Dynamo Dresden, da Alemanha. O clube holandês venceu o primeiro jogo por 2 a 0 e empatou sem gols na partida de volta. Na segunda fase, duelo contra os franceses do Olympique de Marselha, e duas vitórias: 2 a 1 em plena França, gols de Cruyff e Keizer, e goleada por 4 a 1 na Holanda, gols de Swart, Cruyff, Haan e Couécou (contra).

Nas quartas de final, o time eliminou o Arsenal com duas vitórias, 2 a 1 na Holanda (dois gols de G. Mühren) e 1 a 0 na Inglaterra. O Ajax poderia ter feito um duelo doméstico nas semifinais contra o Feyenoord, mas viu o rival ser eliminado impiedosamente pelo Benfica, que meteu 5 a 1 nos holandeses. Esperando triunfar novamente, o time português sucumbiu ao perder na Holanda por 1 a 0 e empatar sem gols em casa. O Ajax estava novamente na final.

 

Futebol Total 2×0 Catenaccio

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Krol disputou sua primeira final de Liga dos Campeões da UEFA em 1972 contra os italianos da Internazionale. Duas escolas completamente diferentes duelaram para ver quem era o melhor time europeu. Mas o que se viu foi um jogo histórico, que coroou de vez o Futebol Total aplicado pelo Ajax. Jogando em casa (a final foi na Holanda, só que na cidade de Roterdã), o time holandês dominou praticamente toda a partida, deixando a Inter toda em seu campo se defendendo desesperadamente. Depois de tanto martelar, no segundo tempo, enfim, Cruyff conseguiu furar a retranca italiana e marcou os dois gols da vitória do Ajax por 2 a 0. Krol foi outra vez sublime na zaga e ajudou seu clube a conquistar o bicampeonato europeu. Para coroar tantas exibições brilhantes, faltava ao time um título mundial, que foi conquistado sobre o Independiente-ARG. O primeiro jogo foi na Argentina, no caldeirão do clube de Avellaneda. Mesmo com toda a pressão adversária e as habituais botinadas, o Ajax segurou o empate em 1 a 1. Na volta, o time mostrou o que era futebol técnico e tático, colocou os argentinos na roda, e venceu por 3 a 0, com gols de Neeskens e Rep (2).

 

Derrotando gigantes

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Na temporada 1972-1973, o Ajax venceu novamente o Campeonato Holandês, com 30 vitórias e 4 derrotas em 34 jogos, marcando 102 gols e sofrendo apenas 18. Foi mais um caneco conquistado em cima do grande rival da época, o Feyenoord. Não tinha para ninguém, só dava Ajax, que partiu em busca do tricampeonato da Liga dos Campeões. Sem precisar disputar a primeira fase, o time eliminou o CSKA Sofia (BUL) com duas vitórias, 3 a 1 e 3 a 0 na segunda fase da competição. Nas quartas de final, um dos confrontos mais emblemáticos da década, contra o Bayern München, que despontava como uma das grandes forças do continente com Beckenbauer, Sepp Maier e Gerd Müller.

No primeiro jogo, em Amsterdã, o time de Cruyff aplicou uma sonora e inapelável goleada por 4 a 0, atordoando os alemães com o Futebol Total holandês. Na volta, a vitória alemã por 2 a 1 não foi suficiente para eliminar o Ajax, que avançou para as semifinais. Nas semifinais, vitórias com estilo para cima do poderoso Real Madrid: 2 a 1 na Holanda, com um gol de Krol, e 1 a 0 em pleno Santiago Bernabéu. O esquadrão dos sonhos estava novamente na final.

 

Tricampeonato europeu

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O Ajax enfrentou novamente um adversário italiano, só que dessa vez a forte Juventus de Dino Zoff, Marchetti, Capello (sim, o técnico, na época jogador), Altafani e Bettega. Com um gol de Johnny Rep logo aos 4 minutos de jogo, o clube cozinhou a partida e garantiu o terceiro título consecutivo da Liga dos Campeões e a posse definitiva do emblemático troféu. Era o ápice e a consagração final de um time que desfilou pela Europa muito talento, eficiência tática, técnica e física, protagonizando partidas memoráveis e incríveis. Não havia rival que o Ajax de Cruyff e Krol não pudesse enfrentar e derrotar. O clube ainda conseguiu a sonhada vingança contra o algoz Milan na Supercopa da UEFA de 1973. Depois de perder a primeira partida em Milão por 1 a 0, o clube de Amsterdã aplicou uma goleada de 6 a 0 em casa. Pena que aquela seria a última grande conquista do esquadrão de ouro holandês, já que o time não disputou o Mundial de 1973 por causa da hostilidade dos argentinos do Independiente, deixando sua vaga para a vice-campeã europeia, Juventus.

 

Novo capitão

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Com as saídas de Cruyff e Neeskens do Ajax, Krol assumiu a braçadeira de capitão do time em 1974, ficando com ela até 1980. Nesse período, as conquistas com o clube diminuíram (foram apenas títulos nacionais), mas Krol começaria a ganhar fama mundial graças ao seu desempenho fantástico na zaga da seleção nas Copas de 1974 e 1978.

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Para o mundo ver

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Já com um padrão de jogo estabelecido e com o reforço de Rinus Michels, a Holanda estava pronta para arrasar na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. As funções da equipe em campo eram múltiplas: sempre que um rival tinha a bola, dois, três laranjinhas chegavam e lhe tiravam a bola. Era um absurdo! Os jogadores pareciam dançar em campo, cada hora em uma posição. Apenas o goleiro Jongbloed escapava da “dança”, que começou logo na estreia da equipe no Mundial, contra o Uruguai de Mazurkiewicz, Forlán, Espárrago e Pedro Rocha. Quem esperava um jogo equilibrado, viu um dos maiores bailes da história dos Mundiais.

A Holanda só não goleou a Celeste pela falta de pontaria e pela atuação magistral do goleiro uruguaio, que evitou um vexame. A Laranja venceu por 2 a 0, com dois gols de Rep. O volume de jogo dos holandeses, a posse de bola e a quantidade de chutes a gol impressionaram a todos. Na partida seguinte, um empate sem gols com a Suécia foi apenas um susto. Na partida seguinte, contra a Bulgária, goleada por 4 a 1, gols de Neeskens (2), Rep e De Jong. A equipe estava classificada para a segunda fase.

 

Embalados

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Na fase seguinte, oito seleções se dividiram em dois grupos de quatro equipes. Os líderes iriam para a final. A Holanda começou a fase decisiva contra a Argentina e deu mais um baile: 4 a 0, gols de Cruyff (2), Krol e Rep. No jogo seguinte, vitória por 2 a 0 contra a Alemanha Oriental, gols de Neeskens e Resenbrink. A equipe estava a um passo da final. Faltava encarar o então tricampeão mundial: o Brasil.

O técnico do Brasil, Zagallo, estava confiante antes do jogo contra a Holanda. Para ele, não passava pela cabeça ser eliminado pelos europeus, afinal, o Brasil era tricampeão mundial e tinha o ótimo goleiro Leão, o zagueiro Luís Pereira, o craque Rivellino no meio de campo e Jairzinho na frente. Porém, camisa não ganha jogo. Muito menos se o adversário tiver Krol, Cruyff e Neeskens, responsáveis pela vitória Laranja por 2 a 0 que mandou o Brasil para a disputa do 3º lugar (perdida para a Polônia por 1 a 0).

 

A mais desejada final

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Os deuses do futebol colocaram frente a frente os donos da casa, a Alemanha Ocidental, e os “donos da bola”, a Holanda, na grande final da Copa do Mundo de 1974. A Alemanha tinha uma seleção formidável, então campeã da Europa e com craques natos como Sepp Maier, Vogts, Paul Breitner, Gerd Müller e, claro, o mito e capitão Beckenbauer. Já a Holanda era a grande sensação da Copa, invicta, colecionando apenas vitórias, golaços, shows e adversários atordoados que nem viram a cor da bola. O Olympiastadion, em Munique, seria palco de uma final histórica. O jogo começou e com apenas um minuto de jogo, sem a Alemanha ter tocado na bola, o juiz marcou pênalti para os holandeses. Neeskens cobrou e abriu o placar. O estádio ficou mudo.

Mas os alemães, mais frios que qualquer ser siberiano, trataram de ficar calmos, afinal, o jogo estava apenas começando. Aquilo fora um acidente, pensaram eles. Aos 25 minutos, pênalti, dessa vez para os donos da casa. Paul Breitner bateu e fez o gol de empate. Aos 43´, foi a vez do goleador Gerd Müller deixar o dele, virando o jogo ainda no primeiro tempo: 2 a 1. No segundo tempo, ambas as equipes tiveram chances, mas o gol não saiu. A Alemanha, depois de 20 anos, era campeã mundial de futebol. O time conseguia, mais uma vez, acabar com um adversário amplamente favorito. O carrossel estava destroçado. Aquele time merecia, de fato, a Copa. Os holandeses não conseguiam acreditar, mas o mundo não era deles.

 

Líder e capitão também na seleção

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Depois do Mundial de 1974, Krol foi nomeado capitão da seleção holandesa para a disputa da Copa do Mundo de 1978, na Argentina, pelo célebre técnico austríaco Ernst Happel. Naquele Mundial, Krol jogou como líbero e demonstrou ainda mais qualidade em campo, sempre com segurança, lealdade e muita categoria com a bola nos pés. A Holanda fez outra vez uma grande Copa, passando pela primeira fase como segunda colocada no Grupo 4 e como líder no Grupo A da segunda fase, eliminando Itália, Áustria e a algoz de quatro anos antes, a Alemanha. Os holandeses conseguiram pela segunda vez seguida alcançar uma final e Krol tinha a chance, como capitão, de levantar a taça que escapara em 1974.

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Mas os laranjas não foram páreos para a Argentina de Fillol, Passarella, Tarantini, Gallego, Ardiles, Kempes e Bertoni, que venceu por 3 a 1 na prorrogação, após empate em 1 a 1 no tempo normal, ficando com o título. A ferida de 74 aumentou ainda mais no coração de todos os holandeses, especialmente de Krol, que disputou todos os jogos da seleção nas campanhas dos vices. Anos mais tarde, o craque lembrou as fatídicas derrotas em entrevista para o site da FIFA:

“É muito triste não ter sido campeão do mundo com uma equipe que jogava tão bem. Tenho duas medalhas de prata, mas trocaria ambas por uma única de ouro. Sempre seremos aqueles que jogam bem e não ganham nada. A seleção de 1988 conquistou a Eurocopa, mas não a Copa do Mundo. E a Copa do Mundo é outra história.”Ruud Krol.

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Últimos lampejos e o fim

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Depois da Copa, Krol ainda jogou por seu país até 1983, completando 83 partidas e quatro gols pela seleção, mas sucumbiu na tentativa de levar a Holanda de volta a uma Copa, o que ocorreria apenas em 1990, já com outra geração. O craque deixou o Ajax em 1980 aos 31 anos para jogar no Vancouver Whitecaps, do Canadá, onde ficou por alguns meses até se transferir para o Napoli, da Itália. Foram quatro temporadas no Calcio e nenhum título, apenas a conquista do coração da torcida napolitana por seu futebol envolvente e elegante. Krol deixou a equipe em 1984 para a vinda de outro craque: o argentino Diego Maradona. Aos 36 anos, Krol encerrou a carreira na França, em 1986, jogando pelo modesto Cannes.

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Craque para sempre

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Depois de se despedir do futebol, Ruud Krol tem trabalhado como técnico e comandado equipes como o Mechelen-BEL, a seleção do Egito, o Ajaccio-FRA, o Zamalek-EGI e o Orlando Pirates, da África do Sul. Seu trabalho fora das quatro linhas não se equipara ao realizado dentro de campo, mas Krol segue como uma lenda do esporte pelo seu legado impecável, tendo plantado a semente para que outros tantos zagueiros e laterais se tornassem modernos a ponto de poder atacar e defender com a mesma qualidade e precisão, casos de Maldini, Koeman, Frank De Boer, Rijkaard, Matthäus entre muitos outros. Claro, como Krol só houve Krol, um artista que definiu seu meio de vida em uma frase sucinta e completa:

“O futebol não é uma arte, a arte é jogar bem”.

Falou tudo, craque imortal.

23 mei 1978 RUUD KROL

 

Leia mais sobre o Ajax dos anos 1970 clicando aqui.

Leia mais sobre a Holanda de 1974 clicando aqui.

 

 

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