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Esquadrão Imortal – Boca Juniors 2004-2007

Boca Juniors team celebrate after winning the Copa Libertadores final game
Em pé: Riquelme, Ibarra, Caranta, M. Rodríguez, Díaz e Banega. Agachados: Clemente Rodríguez, Ledesma, Palacio, Palermo e Neri Cardozo.

 

Grandes feitos: Campeão da Copa Libertadores da América (2007), Bicampeão da Copa Sul-Americana (2004 e 2005), Bicampeão da Recopa Sul-Americana (2005 e 2006) e Bicampeão Argentino (2005 – Apertura e 2006 – Clausura). Foi o primeiro (e até hoje único) clube a conquistar a Copa Sul-Americana por duas vezes consecutivas.

Time-base: Abbondanzieri (Caranta); Hugo Ibarra (José María Calvo), Daniel Díaz (Cristian Traverso), Morel Rodríguez (Rolando Schiavi) e Clemente Rodríguez (Aníbal Matellán / Juan Ángel Krupoviesa); Pablo Ledesma (Fernando Gago / Fabián Vargas), Éver Banega (Sebastián Battaglia), Neri Cardozo (Diego Cagna / Daniel Bilos) e Juan Román Riquelme (Federico Insúa / Guglielminpietro); Rodrigo Palacio (Carlos Tevez / Guillermo Schelotto) e Martín Palermo. Técnicos: Jorge José Benítez (2004), Alfio Basile (2005-2006) e Miguel Ángel Russo (2007).

 

“Ah, esse meu sangue copeiro…”

Por Guilherme Diniz

Entre 2000 e 2003, o Boca Juniors construiu uma história mítica ao vencer nada mais nada menos do que três Copas Libertadores e dois Mundiais Interclubes em apenas quatro anos. Além desses títulos, a equipe ainda faturou vários campeonatos nacionais e viu a consagração de craques e uma lenda: Carlos Bianchi, treinador responsável por tornar o Boca um bicho-papão temido por qualquer clube no mundo (principalmente para a enxurrada de brasileiros que caiu diante dos Xeneizes no período). No entanto, o torcedor que ia até La Bombonera certo de que veria uma vitória ou título de seu clube começou a temer pelo futuro em 2004, logo após a perda da Libertadores para um desconhecido Once Caldas. Bianchi estava de saída. Havia risco de desmanche. Clubes europeus sondavam vários atletas. Será que tudo aquilo estava terminado? Nada disso. Uma vez construída a fama, tudo o que se precisa fazer é administrá-la. Os frutos vêm naturalmente.

Com o peso da camisa, providenciais contratações, um novo técnico pé-quente e a sempre pulsante La Bombonera, o Boca manteve seu apetite por taças e faturou duas Copas Sul-Americanas, mais campeonatos nacionais e duas Recopas. Mas o melhor mesmo ficou para o final. O retorno messiânico de Juan Román Riquelme em 2007 fez do Boca campeão da Libertadores pela sexta fez em sua história (foi a quarta taça em sete anos!) e colocou os argentinos no Top 3 entre os clubes com mais títulos internacionais em todo o planeta. O que jogou o camisa 10 naquela temporada foi coisa de louco. Se bem que a presença de Díaz, Banega, Cardozo, Battaglia, Palacio e Palermo ajudaram bastante… É hora de relembrar a segunda parte da era mais hegemônica da história do Boca. A primeira você pode ler clicando aqui.

 

Será o fim?

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Manizales, Colômbia, 1º de julho de 2004. Depois de um empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, Once Caldas-COL e Boca Juniors lutariam pelo título da Copa Libertadores na decisão por pênaltis. Para muitos, aquilo seria moleza para os argentinos, tão vitoriosos e acostumados com situações de extrema frieza, afinal, era a quarta final boquense em cinco anos. Mas, inacreditavelmente, Schiavi, Cascini, Burdisso e Cángele desperdiçaram seus tiros e o Once Caldas venceu por 2 a 0, ficando com a taça mais imponente da América pela primeira vez. Era um pesadelo para os Xeneizes. E uma novidade para uma torcida que só sabia gritar “é campeão” com Carlos Bianchi no comando técnico.

Tudo parecia ter virado de cabeça para baixo quando, dias depois, Bianchi deixou o comando do clube para a entrada de Miguel Ángel Brindisi, que em seu primeiro grande compromisso, a final da Recopa Sul-Americana, falhou: derrota nos pênaltis por 4 a 2 para o Cienciano-PER, após empate em 1 a 1 no tempo normal, em jogo único disputado nos EUA em setembro de 2004. Com a saída de várias peças e resultados ruins, o Boca de Brindisi começou a apavorar a torcida com a escassez de gols (foram 600 minutos sem balançar as redes no Apertura-2004, recorde negativo do clube no profissionalismo) e uma derrota por 2 a 0 para o River Plate, o que culminou com a saída do técnico depois de apenas três meses no cargo.

A “dependência” de Bianchi voltava a assombrar os arredores do clube e muitos já diziam que dificilmente o Boca voltaria a vencer títulos sem “El Virrey” tão cedo. Já perto do final do ano, a diretoria decidiu contratar interinamente Jorge “El Chino” Benítez, que tinha como única plataforma para conseguir alguma coisa a Copa Sul-Americana, competição que ainda não tinha sido vencida pelo Boca. Era a ocasião ideal para iniciar uma nova era pós-Bianchi.

 

Hora do resgate

Tévez: atacante foi um dos principais jogadores do clube naquele final de 2004.
Tevez: atacante foi um dos principais jogadores do clube naquele final de 2004.

 

Antes da chegada de Benítez, o Boca disputou a fase nacional da Copa Sul-Americana e passou por um grande sufoco nos duelos contra o San Lorenzo. No primeiro jogo, o time perdeu por 1 a 0 e teve que suar sangue para vencer a partida de volta, de virada, por 2 a 1 (gols de Palermo e Tevez), resultado que levou a disputa para os pênaltis. Na marca da cal, o Boca fez 4 a 1 e se garantiu nas quartas de final, na qual teve pela frente o Cerro Porteño-PAR. No primeiro jogo, na Argentina, o Boca só empatou em 1 a 1 e saiu no lucro graças a Abbondanzieri, que defendeu um pênalti quando o jogo estava 1 a 0 para os paraguaios. Após o resultado ruim, o compromisso de volta, em Assunção, já seria sob o comando de Jorge Benítez, que precisava urgentemente resgatar um time que tinha um elenco com grandes valores, mas ainda abalado pela saída de Bianchi e a perda do título da Libertadores.

Benítez apostou todas as fichas na experiência de tantas decisões disputadas por Abbondanzieri, Schiavi, Morel Rodríguez e Cagna, além da dupla de ataque formada por Tevez e Palermo, que voltava com a sempre clássica função de ser o centroavante de ofício do time. O duelo no Defensores del Chaco foi tenso e terminou sem gols. Resultado? Outra disputa de pênaltis. Para o torcedor do Boca, era mais um capítulo de angústia. Mas, para os jogadores, foi a oportunidade para se reerguer de vez e lutar por mais uma copa. Com duas defesas de Abbondanzieri e chutes e mais chutes, o Boca venceu por 8 a 7 e se classificou para a semifinal. A felicidade estava de volta, bem como a confiança dos jogadores. E, para ajudar ainda mais naquela caminhada, cruzava o caminho dos Xeneizes um clube do país que mais o Boca adorava (e ainda adora) passear e trucidar: o Brasil.

 

Como é bom voltar para casa!

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Nos dois duelos anteriores como mandante naquela Copa Sul-Americana, o Boca não pôde jogar em sua querida La Bombonera. Mas, contra o Internacional-BRA de Muricy Ramalho, a equipe voltou a sentir o calor de sua hinchada e ver seu estádio pulsar como sempre. Rafael Sóbis até abriu o placar para o Inter, aos 30 segundos do 2º tempo, mas o Boca emendou uma sequência de golpes certeiros que nocautearam os colorados: Traverso, aos 9´, Cagna, aos 14´ (num chutaço de fora da área), Palermo, aos 22´, e Cardozo, aos 24´, fizeram 4 a 1 para o Boca e praticamente liquidaram o jogo.

Esbanjando velocidade e muita presença no ataque, o time argentino cativava sua torcida, que via pela primeira vez sua equipe jogar em alto nível desde os tempos de Bianchi. Mesmo com o gol de Diego, o Inter teria que vencer o Boca por mais de dois gols se quisesse a classificação para a final. Na volta, em Porto Alegre, o Boca jogou à sua maneira: fechadinho, na catimba e isolando toda e qualquer bola que ousasse passar pela meta de Abbondanzieri. O resultado, claro, foi 0 a 0. E o Boca estava na grande decisão. Era hora de levantar mais uma taça continental.

 

A glória no gol nº100 de Palermo e no adeus a Carlitos

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Na final da Copa Sul-Americana de 2004, o Boca teve pela frente o Bolívar-BOL e sua sempre impossível altitude. O duelo inicial foi em La Paz, onde o Boca fez o que pôde para sair do território hostil dos bolivianos vivo e com chances de reverter um provável placar adverso na volta. Dito e feito. Os argentinos perderam por apenas 1 a 0 e deixaram para La Bombonera, no dia 17 de dezembro de 2004, a decisão do título. Em casa, os auriazuis foram recebidos por milhares de torcedores que gritavam sem parar e transformaram o estádio boquense em um templo pirotécnico de luzes, fogos, papéis picados e muito barulho.

Diante daquele cenário, jamais os jogadores poderiam pensar em perder. E dois personagens queriam ser os protagonistas máximos daquela festa: Palermo e Tevez. O primeiro tinha a chance de anotar seu 100º gol com a camisa do Boca, e o segundo fazia sua despedida do clube antes de ir para o Corinthians-BRA. Já em êxtase para conquistar um título, imagine a dupla com mais essas doses de estímulo? Só poderia resultar em taça!

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Aos 13´, após uma bela tabelinha entre Tevez e Guglielminpietro, a bola foi alçada na área e Palermo, de cabeça, fez o primeiro gol do jogo e seu centésimo com a camisa azul e dourada do Boca. Explosão em La Bombonera! Mas o Boca precisava de mais um gol para evitar outra sufocante disputa de pênaltis. E ele saiu já aos 27´, após um rápido contra-ataque que terminou em um arremate preciso e certeiro de Tevez: 2 a 0. A partir dali, era só administrar a vantagem e correr para o abraço: Boca campeão da Copa Sul-Americana! Era o título para encerrar de um jeito alegre um ano que teve doses amargas  e tristes para o torcedor, que se despediu do ídolo Tevez e celebrou mais uma copa continental.

 

Uma nova era de ouro

Alfio Basile: técnico iniciou, em 2005, uma nova era fantástica em La Bombonera.
Alfio Basile: técnico iniciou, em 2005, uma nova era fantástica em La Bombonera.

 

Em 2005, após cair nas quartas de final da Libertadores para o Chivas Guadalajara-MEX de maneira vexatória (derrota por 4 a 0 no México e empate sem gols em casa, em jogo com enorme confusão que teve de ser encerrado antes do tempo e ainda rendeu uma punição de três jogos ao clube), o Boca sacou o técnico Benítez e deu lugar à Alfio Basile. O ex-jogador, que ficou famoso ao jogar no grande time do Racing campeão da América e do mundo em 1967, chegou com grandes ambições e a missão de dar títulos ao clube no ano do centenário (ou Xentenário, como ficou conhecida a celebração). Basile se tornou companheiro dos atletas, se mostrou bastante flexível e fez com que a diretoria buscasse reforços para suprir alguns setores carentes do time (principalmente o meio de campo).

Naquele ano, vieram o zagueiro Daniel “Cata” Díaz (ex-Colón), o lateral Krupoviesa (ex-Estudiantes), o meia Federico Insúa (ex-Independiente e pedido pelo próprio Basile), o meia Daniel Bilos (ex-Banfield) e o atacante Rodrigo Palacio, também vindo do Banfield. Além desses reforços, Basile colocou o volante Fernando Gago, cria das bases, no time titular e armou uma equipe mais veloz e muito incisiva, que encurralava os rivais em seus campos e não temia cancha alguma.

Insúa e Palacio: estrelas do ataque boquense em 2005.
Insúa e Palacio: estrelas do ataque boquense em 2005.

 

A prévia do trabalho de Basile aconteceu na decisão da Recopa Sul-Americana, na qual o clube argentino reencontrou o Once Caldas. No primeiro jogo, na Argentina, a equipe azul e ouro não deixou os colombianos respirar e marcou três gols em apenas 17 minutos, com Battaglia, Cardozo e González, contra. No finalzinho do primeiro tempo, Casierra diminuiu, mas o placar ficou mesmo em 3 a 1. Na volta, em Manizales, o Once Caldas fez 1 a 0, e Schiavi empatou no segundo tempo. Velásquez ampliou para os colombianos, mas o placar em 2 a 1 deu o título ao Boca, que se vingou do rival ao levantar a taça em pleno estádio Palogrande. Começar com o pé direito foi fundamental para que Basile conquistasse a confiança dos atletas para o restante de uma temporada que ainda teria novos capítulos de glórias.

 

Apetite por tudo!

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Naquele segundo semestre de 2005, o Boca disputou simultaneamente o Torneio Apertura do Campeonato Argentino e a Copa Sul-Americana. Na competição nacional, a equipe superou um começo apenas razoável para emendar cinco vitórias seguidas (1 a 0 no Argentinos Juniors, 2 a 0 no Gimnasia y Esgrima La Plata, 2 a 0 no Racing, 4 a 0 no Quilmes e 2 a 1 no Tiro Federal) que a colocou na ponta da tabela. Na sequência, o empate sem gols contra o River Plate e a vitória por 2 a 1 sobre o Newell´s Old Boys tornaram o troféu nacional ainda mais possível.

Pela Sul-Americana, a equipe mostrou sua força ao eliminar o Cerro Porteño-PAR nas oitavas de final após empatar em 2 a 2 o jogo de ida, no Paraguai, e golear o rival por 5 a 1 em casa, com gols de Krupoviesa, Palermo, Schelotto, Cardozo e Insúa (que marcou um golaço sem ângulo). Nas quartas de final, os Xeneizes reencontraram o Internacional-BRA e perderam o primeiro duelo, no Brasil, por 1 a 0. Mas tinha a volta. Tinha La Bombonera. E tinha Palacio. O atacante jogou muito, deixou a zaga colorada maluca e marcou três gols na goleada boquense por 4 a 1. Era a segunda classificação seguida do Boca na Sul-Americana sobre o rival brasileiro.

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Em novembro, o Campeonato Argentino chegava a sua reta final e o Boca superou duas derrotas seguidas (para Colón e Arsenal) para vencer os duelos decisivos contra Vélez Sarsfield (2 a 0, em casa) e Estudiantes (3 a 1, fora) e voltar à briga por um título que por pouco não se dirigia ao Gimnasia y Esgrima La Plata. Sem dar margens para o erro, os comandados de Basile garantiram o título em dezembro, após vencer o Independiente (2 a 0, em casa), e o Olimpo (2 a 1, fora), triunfos que definiram um título suado e histórico da equipe, que terminou com 40 pontos (três a mais que o Gimnasia y Esgrima La Plata), 12 vitórias, quatro empates, três derrotas, 36 gols marcados (melhor ataque) e 17 gols sofridos. O ponto forte daquele time foi mesmo o elo de ataque formado por Insúa, Palacio e Palermo, que anotaram, juntos, 24 dos 36 gols anotados pelo Boca.

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O bi no “Xentenário”

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Na reta final da Copa Sul-Americana, o Boca eliminou a Universidad Católica-CHI após empatar em 2 a 2 o primeiro duelo, na Argentina, e vencer os chilenos em plena Santiago por 1 a 0 (gol de Schiavi). Na final, a equipe teve pela frente o Pumas UNAM, do México, que trouxe bastante dificuldade para os argentinos no primeiro duelo, na Cidade do México. Palacio abriu o placar na primeira etapa, mas Botero empatou. Na volta, mais de 40 mil torcedores lotaram La Bombonera e esperavam por uma nova taça quatro dias após a conquista do Apertura. Palermo entendeu o recado e abriu o placar aos 31´do primeiro tempo, após escorar uma falta cobrada por Insúa. Na segunda etapa, Marioni empatou e forçou a decisão por pênaltis.

Palermo e Abbondanzieri com a taça da Copa Sul-Americana de 2005.
Palermo e Abbondanzieri com a taça da Copa Sul-Americana de 2005.

 

Parecia o repeteco do filme de 2001, quando o Boca encarou um time mexicano (Cruz Azul) e também decidiu um título continental na marca da cal. E, assim como no tetra da Libertadores, o Boca voltou a sorrir. Abbondanzieri defendeu dois pênaltis, Palermo perdeu o seu (pra variar…), assim como Schelotto, mas Galindo chutou na trave quando a disputa marcava 3 a 3. No pênalti decisivo, Abbondanzieri não deixou Ibarra, o cobrador derradeiro do Boca, chutar e pegou a bola para si. Todos ficaram perplexos e tensos, mas o camisa 1 tinha tudo sob controle. Com muita personalidade e sangue frio, El Pato bateu e fez descer com tudo a avalanche de torcedores atrás do gol: era o bicampeonato do Boca, que se tornava o primeiro clube a faturar a Copa Sul-Americana por duas vezes seguidas. E era o título derradeiro do “Xentenário” boquense, celebrado em grande estilo, com tocha olímpica, enormes festejos pelo país e a sempre constante presença do ídolo Diego Armando Maradona.

 

Sem rivais em casa

Muito entrosado e com os atletas em total harmonia, o Boca começou o ano de 2006 com foco total no Torneio Clausura, já que não iria disputar a Copa Libertadores daquele ano. Com a base mantida e Coco Basile nas graças da torcida, a equipe só tropeçou duas vezes nas seis primeiras rodadas e não perdeu um jogo sequer até o final da competição. Foram quatro vitórias seguidas entre fevereiro e março (2 a 1 no Argentinos Juniors, 3 a 0 no Gimnasia y Esgrima La Plata, 3 a 0 no Racing e 3 a 1 no Quilmes), empates contra Tiro Federal (0 a 0), River Plate (1 a 1) e Newell´s Old Boys (1 a 1) e uma sequência impressionante de sete vitórias seguidas na reta final: 2 a 1 no Banfield (em casa), 2 a 1 no Colón (fora), 1 a 0 no Arsenal (em casa), 3 a 2 no Vélez (fora, que acabou com vitória por 3 a 0 do Boca devido a incidentes que ocasionaram a interrupção do jogo), 4 a 0 no Estudiantes (em casa, com dois gols de Insúa, um de Palacio e outro de Palermo), 2 a 0 no Independiente (fora, com gols de Palacio e Palermo) e 2 a 0 no Olimpo, em casa.

A equipe de Basile venceu mais de 75% dos pontos e terminou com 13 vitórias, quatro empates, duas derrotas, 37 gols marcados e 12 gols sofridos (melhor defesa) em 19 jogos, com oito pontos a frente do vice-campeão, o Lanús. Palermo, com 11 gols, e Palacio, com sete, foram os artilheiros do time na competição que classificou o Boca para a Libertadores de 2007.

O Boca de Basile: velocidade do ataque era a grande arma de um time entrosado e difícil de ser batido.
O Boca de Basile: velocidade do ataque  e segurança no meio de campo eram as grandes armas de um time entrosado e difícil de ser batido.

 

Basile 100% e fim de ano amargo

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Após o título nacional, o Boca disputou uma série de amistosos pela América Central e iniciou de maneira avassaladora o Torneio Apertura, com direito a quatro vitórias seguidas, entre elas uma goleada histórica de 7 a 1 sobre o rival San Lorenzo em pleno estádio Nuevo Gasómetro. O vareio teve três gols de Palermo, dois de Palacio, um de Cardozo e outro de Franzoia. Imbatíveis, os argentinos foram para a disputa de mais uma taça internacional: a Recopa, contra o São Paulo-BRA campeão da América e do mundo no ano anterior. No primeiro jogo, em casa, o Boca começou perdendo, mas virou o jogo com dois gols de Palacio, que vivia mesmo uma fase magnífica. Na volta, em seu estádio favorito (o Morumbi), a equipe argentina mostrou a natural frieza ao sofrer um gol e virar para 2 a 1 com um gol de cabeça de Palacio e um golaço de Palermo.

O São Paulo ainda empatou no finalzinho, mas o Boca voltou a dar uma volta olímpica na casa tricolor, assim como em 2000 e em 2003, nas finais da Libertadores vencidas sobre Palmeiras e Santos, respectivamente. O título coroou o trabalho do técnico Alfio Basile, que deixou até Carlos Bianchi com “inveja”: cinco títulos disputados, cinco títulos conquistados. Um aproveitamento exuberante de 100% que colocou o bonachão de voz “terrível” entre os maiorais do clube Xeneize.

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Naquele segundo semestre, o Boca sofreu com as saídas de Abbondanzieri, Insúa e Bilos, além do próprio técnico Alfio Basile, que deixou o comando do time logo após a conquista da Recopa para assumir a Seleção Argentina. Para o seu lugar, chegou Ricardo La Volpe, que conseguiu a “proeza” de tirar aquele time entrosado e competitivo dos trilhos ao perder os dois últimos jogos do Apertura e sumir com a vantagem de quatro pontos sobre o Estudiantes. Empatados, os dois times foram para um jogo desempate em campo neutro e os comandados de Diego Simeone venceram de virada por 2 a 1, resultado que impediu um histórico tricampeonato do Boca. O revés, aliado a derrota por 3 a 1 em um clássico contra o River, culminou com a saída de La Volpe no final do ano e uma nova volta à estaca zero em La Bombonera. Se 2005 havia terminado com festa, aquele ano de 2006 terminava com muita dor de cabeça e uma incerteza: quem poderia salvar o Boca (de novo)?

 

Román volvió…

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Um antigo ídolo da torcida do Boca encontrava-se triste e deprimido lá na Espanha no começo de 2007: Juan Román Riquelme. O craque, presente nas inúmeras conquistas da Era Bianchi, havia conquistado o coração dos torcedores do Villarreal, mas tinha passado por um pesadelo na Liga dos Campeões de 2005-2006 ao perder um pênalti decisivo em um duelo contra o Arsenal, na semifinal, que impossibilitou seu time de disputar a final da competição europeia. Do outro lado do Oceano, o Boca Juniors pareceu ter sentido a amargura de seu querido ex-jogador e quis um empréstimo de Román por apenas cinco meses (e uma despesa de dois milhões de dólares), tempo necessário para disputar a Copa Libertadores e as principais partidas do Torneio Clausura. Riquelme concordou, bem como o Villarreal, e o meia se mandou para La Bombonera.

Era tudo o que ele precisava para esquecer aquele fatídico erro e recuperar sua autoestima no clube que tanto o amava. Além dele, a diretoria trouxe o técnico Miguel Ángel Russo, que vinha de um bom trabalho no Vélez Sarsfield. O treinador tinha em mãos um elenco de alto nível e a chegada de um craque louco para mostrar serviço. A torcida podia esperar boa coisa daquilo tudo. Mas não antes de passar por muito sufoco.

 

A casa (quase) fez falta

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Por causa da punição sofrida lá em 2005, o Boca foi obrigado a disputar todos os jogos em casa da primeira fase da Copa Libertadores de 2007 longe de La Bombonera. E por pouco a falta do alçapão não ruiu com as pretensões do time. Na estreia, contra o Bolívar, em La Paz, os argentinos seguraram a pressão – e o fôlego – e empataram em 0 a 0. No segundo jogo, no estádio do San Lorenzo, contra o Cienciano, muita dificuldade e vitória magra por 1 a 0 (gol de Ibarra). No último jogo do turno, a equipe viajou até o México e perdeu por 2 a 0 para o Toluca, resultado que preocupou a comissão técnica e a torcida. Na partida seguinte, contra o mesmo Toluca, o Boca deu o troco e venceu por 3 a 0 (gols de Maidana, Riquelme e Boselli).

No duelo seguinte, derrota por 3 a 0 para o Cienciano, no Peru, e uma missão complicada para o último jogo, contra o Bolívar: vencer por pelo menos três gols de diferença para não depender do resultado entre Toluca e Cienciano. E, mesmo longe de La Bombonera, o Boca entupiu os bolivianos de gols com um acachapante 7 a 0 (com dois gols de Palacio, um de Palermo, um de Tordoya, contra, um de Dátolo e dois de Marioni). Com muito suor, o Boca estava na segunda fase. Era hora do mata-mata, da volta do lar doce lar e do futebol gigante de Riquelme.

 

No embalo do maestro

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Muitos diziam que Riquelme estava meio apagado naquela primeira fase de Libertadores. É que ele estava guardando o melhor para o momento em que o Boca mais iria precisar. Nas oitavas de final, contra o Vélez, o camisa 10 começou a esbanjar sua categoria e classe com seus toques impecáveis, seus chutes venenosos e sua visão de jogo magnífica. Com apenas nove minutos, o astro abriu o placar para os Xeneizes e fez explodir La Bombonera. Aos 25´, o goleiro Sessa saiu todo estabanado do gol e cometeu pênalti em Palacio, além de levar o cartão vermelho. Palermo bateu e perdeu… Mas, no segundo tempo, o camisa 9 se redimiu e fez o segundo, de cabeça, após cruzamento de Ledesma. No finalzinho do jogo, Clemente Rodríguez fez o terceiro e deixou os auriazuis com os pés nas quartas de final.

Na partida de volta, o Vélez foi superior durante todo o jogo, mas um golaço olímpico de Riquelme tornou inúteis os três gols marcados pelos donos da casa. O gol marcado fora classificou o Boca, que foi com confiança para a fase seguinte, na qual encarou o Libertad-PAR. Na ida, em La Bombonera, os paraguaios jogaram muito bem e o goleiro Bava até defendeu um pênalti cobrado por Riquelme. Nos dez minutos finais do segundo tempo, Martínez abriu o placar para o Libertad, mas Palermo empatou no minuto final e deu sobrevida ao Boca.

 

LEIA MAIS – La Bombonera – O estádio que Pulsa

 

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Em Assunção, o Boca jogou tudo o que não jogou em casa e encurralou o Libertad em seu próprio campo. Com Riquelme e Palacio inspiradíssimos, o time argentino abriu o placar no começo do segundo tempo, quando Román pegou a bola no meio de campo, foi conduzindo até a entrada da área e finalizou com um lindo chute. Nove minutos depois, Palacio ampliou e deu a vitória por 2 a 0 que rechaçou a mística copeira do Boca na Libertadores. O título era, sim, possível.

Na semifinal, a fama aumentou após o clube conseguir reverter um cenário complicado diante do Cúcuta, da Colômbia. No primeiro duelo, na casa dos colombianos, Ledesma abriu o placar para o Boca, mas Pérez, duas vezes, e Bustos fizeram 3 a 1, na primeira derrota de virada dos Xeneizes em uma Libertadores desde 1994, quando haviam perdido para o Cruzeiro-BRA por 2 a 1. Seria preciso uma vitória por pelo menos dois gols de diferença na volta para a vaga na final ser garantida.

E, em uma noite com intensa névoa (que paralisou a partida por alguns minutos) e muita festa da torcida, o Boca Juniors conseguiu a remontada graças a um golaço de falta de Riquelme, no final do primeiro tempo, um gol de Palermo, aos 10´, e um de Battaglia, aos 36´do segundo tempo, após escanteio cobrado por Riquelme. Pela quinta vez em oito anos, o Boca estava em uma final de Copa Libertadores. E, pela terceira vez, o adversário seria um clube brasileiro: o Grêmio, comandado por Mano Menezes e ainda sob o encantamento da Batalha dos Aflitos de dois anos antes (leia mais clicando aqui).

 

La Copa de Román

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Foto: Ricardo Duarte- Rbs -Gazeta Press.

 

Terror dos brasileiros, o Boca entrou com certo favoritismo na final diante dos gremistas. Não só pela fama construída na Era Bianchi, mas por possuir um elenco bem melhor que os tricolores e um grande diferencial: Riquelme. O craque fez dos dois jogos finais os palcos para esbanjar toda sua qualidade e genialidade. Em La Bombonera, no dia 13 de junho, as mais de 50 mil pessoas que encheram o gramado de papéis picados viram lances exuberantes do camisa 10, que orquestrou todo e decisivo lance de seu time. Aos 18´do primeiro tempo, Riquelme cobrou falta na área gremista e Palacio completou para o gol de Saja: 1 a 0. No começo do segundo tempo, falta para o Boca. Riquelme cobrou forte, no canto, e marcou mais um golaço para sua coleção: 2 a 0. A explosão foi nítida e o barulho ensurdecedor em La Bombonera.

Na comemoração, o camisa 10 deixou aflorar sua alegria e energia pelo gol e a ânsia de ser campeão da América. Como retribuição, a torcida gritou seu nome sem parar, o que esfriou qualquer reação do Grêmio e inspirou o terceiro gol do Boca, aos 44´, quando Riquelme (pra variar…) entortou dois defensores e chutou forte, exigindo a defesa de Saja. No rebote, Palermo cruzou, a zaga gremista se atrapalhou e Ledesma fechou a conta com grata participação de Patrício: 3 a 0. O título estava praticamente ganho. O Grêmio teria que golear por mais de três gols os argentinos no estádio Olímpico se quisesse o tri.

Riquelme

No dia 20 de junho, a torcida gremista fez uma bonita festa, clamou pela imortalidade de seu clube, mas quem se tornou imortal, mesmo, foi o Boca e seu maestro. Frios como gelo e surdos para as vaias dos gremistas, os argentinos deram aula de competitividade e de como vencer uma Libertadores. Depois de segurar o 0 a 0 na primeira etapa, os Xeneizes começaram a aplicar os golpes fatais em doses paulatinas. Aos 23´, Riquelme recebeu de Ibarra na direita e emendou um chute ao seu estilo, alto, sem chances para Saja: 1 a 0. E 4 a 0 no placar agregado. Aos 35´, contra-ataque letal dos argentinos: bola com Riquelme, que passou para Palacio. Este chutou e Saja defendeu. No rebote, Riquelme completou para o gol: 2 a 0. E 5 a 0 no placar agregado. Não precisava mais nada. O Boca já era campeão. Aos 40´, Palermo ainda teve a chance de fazer o terceiro, mas, acredite, ele voltou a perder um pênalti (!). Mas os boquenses nem ligaram.

Riquelme nos céus: o Boca era campeão da América pela sexta vez.
Riquelme nos céus: o Boca era campeão da América pela sexta vez.

 

Com o apito do árbitro Oscar Ruíz, o Boca Juniors se tornava hexacampeão da Libertadores. Era o quarto caneco do time em apenas oito anos, além de o placar agregado de 5 a 0 ser o de maior diferença de gols na história das finais da competição. Em 14 jogos, foram oito vitórias, dois empates, quatro derrotas, 27 gols marcados e 12 sofridos. Foi a consagração, acima de tudo, de Riquelme, artilheiro do time com 8 gols (a mesma quantidade que Palacio e Palermo juntos!) marcados e escolhido o melhor jogador do torneio. A missão estava cumprida. E a aura copeira do Boca ainda mais fortalecida.

Palermo com a Liberta...
Palermo com a Liberta…

 

... E o diário "Olé" do dia seguinte.
… E o diário “Olé” do dia seguinte.

 

O Boca campeão da América - experiência, alma copeira e Riquelme: combinação perfeita para um time histórico.
O Boca campeão da América – experiência, alma copeira e Riquelme: combinação perfeita para um time histórico.

 

Tristeza no Japão e o fim

Com as atenções voltadas para a Libertadores, o Boca acabou com o vice-campeonato do Torneio Clausura, no primeiro semestre, e ficou apenas na quarta posição no Apertura. No final do ano, a equipe viajou até o Japão para a disputa do Mundial de Clubes da FIFA sem Riquelme, mas com a base vitoriosa do título continental. Nas semifinais, a equipe argentina eliminou o Étoile du Sahel-TUN com vitória por 1 a 0 (gol de Cardozo), mas, na decisão, os Xeneizes sentiram o amargo gosto da derrota para o fortíssimo Milan-ITA de Kaká, Seedorf, Maldini e Inzaghi, que goleou por 4 a 2 e se tornou o primeiro clube tetracampeão mundial, além de passar à frente dos argentinos em número de títulos internacionais na época – 18 contra 17.

Na temporada seguinte, o Boca voltou a passar por reformulações, nomeou Carlos Ischia como técnico e caiu nas semifinais da Libertadores para o Fluminense-BRA de Thiago Silva, Arouca, Conca e Thiago Neves. O revés só foi superado com mais um título argentino (o Apertura de 2008) e mais uma copa internacional, a Recopa, vencida após vitória sobre o Arsenal-ARG. Após mais uma era de ouro, o clube perdeu sua força e só voltou a brilhar em 2012, quando disputou mais uma final de Libertadores e perdeu para um clube brasileiro: o Corinthians. Sempre vingativo, os boquenses deram o troco já em 2013, quando eliminaram os campeões nas oitavas de final graças a Riquelme, em campo, e Carlos Bianchi, no banco, que não conseguiu dar uma nova Libertadores ao clube, mas manteve a sina de ser o carrasco dos brasileiros na competição.

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O fato é que o Boca 2004-2007 se tornou um esquadrão lendário para qualquer torcedor Xeneize por consolidar de uma vez a fama copeira de um clube que nasceu para brilhar no cenário internacional e conseguir o impossível quando joga em sua casa.  Ofensivo quando preciso, retranqueiro quando necessário, e brilhante sob o comando de craques pontuais, o Boca Juniors dominou os holofotes futebolísticos por quase uma década, fez muito time bom tremer e provou que a pulsação de sua La Bombonera e de sua torcida são movidos por sangue azul e ouro: o sangue copeiro que construiu um esquadrão imortal.

 

Os personagens:

Abbondanzieri: com a saída de Córdoba, em 2001, a torcida do Boca ficou carente de um ídolo no gol. Mas logo em seguida, outro goleirão conseguiu suprir muito bem a ausência do colombiano: Abbondanzieri. Depois de se consolidar no gol do time em 2003, o camisa 1 virou referência e foi fundamental para as conquistas pós-Era Bianchi. El Pato ficou 10 anos no Boca, de 1996 até 2006, foi para a Espanha e retornou em 2009 ao time argentino. Aposentou-se em 2010.

Caranta: assumiu a titularidade do gol do Boca em 2007 e deu conta do recado. Não tinha a eficiência e a segurança de Abbondanzieri, mas fez importantes defesas durante a campanha do título da Libertadores.

Hugo Ibarra: um clássico símbolo do time argentino, Ibarra foi soberano na lateral direita do Boca de 1998 até 2001, conquistando todos os grandes títulos do período. Ficou um tempo em Portugal até retornar em 2003, sair, e voltar em 2005, sempre conquistando muitos títulos, incluindo quatro Libertadores. Muito eficiente na defesa e econômico no ataque, Ibarra foi ídolo da torcida nos anos 2000.

José María Calvo: podia jogar na lateral ou no meio de campo e atuava com muita eficiência na marcação e no toque de bola. Disputou mais de 200 jogos com a camisa do Boca e conquistou 12 títulos em suas passagens pelo clube entre 1999 e 2011.

Daniel Díaz: chegou em 2005 e assumiu a titularidade com grandes partidas, muita qualidade no jogo aéreo e presença em jogadas de ataque. Muito seguro e forte, o zagueiro foi um dos principais destaques do time formado por Alfio Basile. Tem mais de 140 jogos com a camisa do Boca e conquistou seis títulos entre 2005 e 2008.

Cristian Traverso: foi bem tanto como zagueiro como volante e desempenhou um grande papel no time de Bianchi de 1997 até 2002. Em 2004, manteve a pegada e ajudou o time no título inédito da Copa Sul-Americana. Deixou a equipe em 2005 após 259 jogos disputados e sete títulos conquistados.

Morel Rodríguez: polivalente da defesa, o paraguaio virou ídolo da torcida com sua garra e ótimas atuações, velocidade e espírito de entrega tão necessário no clube Xeneize. Jogou de 2004 até 2010 no Boca e disputou mais de 230 jogos.

Rolando Schiavi: clássico zagueiro de “cintura dura”, Rolando Schiavi jogou muito bem nos seus primeiros anos de Boca e foi um xerife na zaga, marcando gols (a maioria em chutes violentíssimos em cobranças de pênaltis) e não dando espaços para os atacantes rivais. Bruto e às vezes até desleal, ele fazia jus a típica raça argentina em campo. Viveu seus últimos momentos de glória nos anos de 2004 e 2005, quando faturou títulos nacionais e internacionais. Deixou o clube em 2006 e voltou em 2011, mas já sem a velocidade e os chutes potentes de antes.

Clemente Rodríguez: assumiu o posto deixado por Arruabarrena lá na virada do século e mostrou muita qualidade no apoio ao ataque e nas disparadas em velocidade. Colecionou oito títulos pelo Boca em suas três passagens pelo clube: de 2000 até 2004, 2007, e 2010 até 2013.

Aníbal Matellán: o defensor começou sua carreira profissional no Boca de Bianchi e foi logo mostrando serviço principalmente no ano 2000, quando foi titular no Mundial Interclubes. Jogava muito bem pela esquerda e despertou rapidamente o interesse do Schalke 04-ALE, para onde foi em 2001. O defensor voltou em 2004 e ficou até 2005, período em que conquistou a Copa Sul-Americana de 2004. Era bom cabeceador e eficiente na marcação.

Juan Ángel Krupoviesa: não levava desaforo para casa e ganhou a confiança da torcida por isso e por jogar com muita vontade e boa qualidade nos passes. Foi titular na era Basile e conquistou os títulos do Apertura-2005, Clausura-2006, Copa Sul-Americana de 2005 e as Recopas de 2005 e 2006.

Pablo Ledesma: com muita mobilidade e ótima visão de jogo, o meio-campista foi um dos motores do Boca naqueles anos de ouro. Ajudava na marcação, fazia tabelas com os atacantes, dava passes precisos e marcava seus gols de vez em quando. Teve papel fundamental na conquista da Libertadores de 2007 e no Clausura de 2006.

Fernando Gago: o famoso volante começou sua carreira no Boca, no final de 2004 e início de 2005, e assumiu a titularidade com a chegada de Alfio Basile. Muito inteligente e com passes precisos, encantou a torcida e rapidamente chamou a atenção dos clubes da Europa. Antes de deixar La Bombonera, Gago conquistou dois títulos nacionais e três internacionais.

Fabián Vargas: foi uma boa opção para o meio de campo do time principalmente entre 2004 e 2006, podendo jogar por ambos os lados e ajudar no toque de bola e nos contra-ataques. Não chegou a ser titular absoluto, mas foi importante nas campanhas dos títulos do período.

Éver Banega: foi o volante responsável pela marcação e apoio à zaga do time campeão da Libertadores de 2007. Seguro e eficiente, Banega foi um dos pilares da conquista e fez o torcedor se esquecer da ausência de Fernando Gago.

Sebastián Battaglia: outro jogador mítico do Boca, o volante Sebástian Battaglia começou no próprio clube da capital em 1998 e ficou até 2003, abocanhando os mais diversos títulos. Voltou em 2005 para conquistar mais canecos e se tornar o maior vencedor de títulos da história do clube com 17 taças. Muito querido pela torcida.

Neri Cardozo: o baixinho ganhou seu espaço aos poucos e mostrou muita técnica e velocidade no meio de campo. Conquistou nove títulos pelo Boca e foi fundamental nas taças de 2006 e na Libertadores de 2007.

Diego Cagna: chegou ao Boca em 1996 e foi um dos grandes meio campistas da equipe até 1999. Voltou ao time em 2003 para ser campeão da América e do Mundo. Muito forte na marcação, o volante foi muito querido pela torcida e faturou quatro Campeonatos Argentinos com a camisa azul e ouro, além de outros torneios internacionais de 2003 até 2005.

Daniel Bilos: o grandalhão foi um dos principais nomes do ataque boquense armado pelo técnico Basile entre 2005 e 2006. Mesmo com mais de 1,90, Bilos tinha velocidade e técnica para marcar gols, dar passes para os companheiros e confundir a zaga rival para abrir espaços aos companheiros Palermo e Palacio.

Juan Román Riquelme: um dos maiores ídolos da história do Boca, Riquelme chegou como o salvador da pátria em 2007 e fez jus à expectativa depositada nele com gols, grandes exibições e um futebol primoroso na conquista da Libertadores. O craque teve um dos desempenhos mais marcantes de um jogador em toda a história do torneio e foi a razão do título Xeneize naquela temporada. É possível afirmar que o Boca não venceria a Liberta sem ele. E a torcida é eternamente grata ao seu querido Román, que também conquistou a América em 2000 e 2001 e o mundo em 2000. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Federico Insúa: foi o camisa 10 nas conquistas de 2005 e 2006 e teve desempenhos formidáveis principalmente na Copa Sul-Americana de 2005 e no Clausura de 2006. Se entendeu quase que por telepatia com Gago e Palacio e jogou seu melhor futebol sob o comando de Basile. Rápido, oportunista e preciso nos arremates, marcou gols decisivos e encantou a torcida. Deixou o Boca em 2006 para jogar no futebol alemão e voltou em 2009, já sem o brilho de antes.

Guglielminpietro: com bom físico e velocidade nos passes e tabelinhas, foi um dos destaques na conquista da Copa Sul-Americana de 2004. Depois de mais alguns bons jogos em 2005, foi jogar no futebol italiano.

Rodrigo Palacio: astuto, oportunista, habilidoso e perigosíssimo para qualquer defesa, o atacante virou ídolo da torcida e um dos responsáveis pelos gols do Boca naqueles anos de ouro. Ao lado de Palermo, fez uma dupla de ataque inesquecível e conquistou oito títulos entre 2005 e 2009. Disputou 207 jogos pelo Boca e marcou 89 gols.

Carlos Tevez: cria do Boca, o “Carlitos” jogou muito de 2001 até 2004 no clube auriazul, causando o terror nas zagas dos adversários, principalmente do River. Provocador, habilidoso e muito querido pela torcida, Tevez fez uma dupla de ataque memorável com Delgado na Libertadores de 2003, vencida pelo Boca. Em 2004, formou dupla com Palermo e se despediu do clube com o título da Copa Sul-Americana. É ídolo até hoje na Bombonera.

Guillermo Schelotto: um dos maiores atacantes da história do Boca, Schelotto era um atacante inteligentíssimo, que partia pela ponta-direita e se infiltrava nas zagas adversárias para marcar gols ou servir companheiros livres. Rápido e habilidoso, Schelotto foi ídolo do time e um dos grandes jogadores da Era Bianchi. Depois de 2004, perdeu espaço, mas esteve presente em vários jogos durante as campanhas vitoriosas entre 2004 e 2007. Ficou 10 anos em La Bombonera e faturou 16 títulos com o clube, um recorde superado apenas pelo volante Battaglia.

Martín Palermo: outro ídolo imenso do Boca, Martín Palermo, o El Loco, surgiu com tudo no Boca em 1997, onde marcou gols em profusão e virou o matador do time, graças a parceria com Schelotto e os passes açucarados de Riquelme. Depois de um período no futebol europeu, o atacante voltou em 2004 para voltar a colecionar títulos, gols e, claro, pênaltis perdidos. Mesmo com esse pequeno defeito, é idolatrado pela torcida e tem a honra de ser o maior artilheiro da história do Boca com 236 gols marcados em 404 jogos. Pendurou as chuteiras em 2011 depois de conquistar 13 títulos com a camisa do clube.

Jorge José Benítez, Alfio Basile e Miguel Ángel Russo (Técnicos): o trio foi o responsável por manter viva a chama copeira do Boca e mostrar que havia vida sem Bianchi no clube de La Bombonera. Benítez soube resgatar o orgulho ferido após a perda da Libertadores de 2004 para faturar a Sul-Americana. No ano seguinte, foi a vez de Alfio Basile montar uma equipe extremamente competitiva que fez história ao conquistar os cinco campeonatos que disputou entre 2005 e 2006. E, em 2007, Russo fez o Grand Finale com um time já experiente, “calejado” e reforçado por um craque: Riquelme. Aí, a Libertadores ficou no papo.

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Comentários encerrados

6 Comentários

  1. parabens meu querido imortais do futebol sou fa de futebol argentino futebol bem jogado e esse boca apesar de ganhar do meu sao paulo dava gosto de ver riquelme no auge foi um dos maiores jogadores de todos os tempos a atuaçao dele no olimpico e uma das melhores atuaçaoes individuais nos ultimos 10 anos sugestao podia ter o estudiantes campeao da libertadores em 2008

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