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Seleções Imortais – Alemanha 2010-2014

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Em pé: Neuer, Toni Kroos, Klose, Hummels, Khedira e Boateng. Agachados: Lahm, Thomas Müller, Höwedes, Schweinsteiger e Özil.

 

Grandes feitos: Campeã invicta da Copa do Mundo da FIFA (2014) e 3ª colocada na Copa do Mundo da FIFA (2010).

Time-base: Neuer; Lahm, Boateng (Friedrich / Badstuber), Hummels (Mertesacker) e Höwedes; Schweinsteiger, Khedira (Draxler), Kroos (Podolski / Schürrle) e Özil (Jansen); Thomas Müller (Cacau / Reus) e Klose (Götze / Mario Gómez). Técnico: Joachim Löw.

 

“A seleção totalmente planejada”

Por Guilherme Diniz

Em 14 anos, foram quatro Copas do Mundo disputadas, quatro semifinais, dois terceiros lugares, um vice-campeonato e um título. Demorou, mas quando aquela seleção que amargava um incômodo jejum de 24 anos no maior torneio do planeta pegou no breu, ninguém conseguiu segurar. Nunca uma equipe foi tão exemplar no quesito planejamento em longo prazo do que a Alemanha do começo da década de 2010. Após vários tropeços e decepções em retas finais, a equipe europeia conseguiu encontrar equilíbrio e foi beneficiada pelo apogeu de jovens craques que só tiveram destaque e brilho graças a um trabalho realizado a partir de 2000, o ano da revolução do futebol germânico. O começo do processo foi doloroso, com uma final de Copa perdida para o Brasil, em 2002, e uma queda na semifinal da Copa de 2006, em casa.

Em 2008 e 2010, boas campanhas na Euro e na Copa, mas quedas duplas para a toda-poderosa Espanha. Em 2012, os favoritos alemães foram eliminados da Eurocopa para a sempre asa-negra Itália e uma série de questionamentos começou a ser levantada: por que aquele grande time nadava, nadava e morria na praia? Porque ainda faltavam alguns detalhes e mais um pouco de aprimoramento. Lembra que o planejamento era de longo prazo? Pois bem. Em 2014, o trabalho, enfim, foi recompensado.

Belas partidas na primeira fase da Copa, sufoco nas oitavas, frieza nas quartas e o mais nobre e sublime capítulo na semifinal, quando a Alemanha fez história e apresentou ao mundo todas as qualidades de seu futebol com uma goleada homérica pra cima do anfitrião Brasil – que teve ainda um sabor de vingança pelo revés de 2002. Na decisão, algum sufoco, mas um jovem de 22 anos marcou, na prorrogação, o gol da vitória e do tetracampeonato mundial sobre a Argentina, no Maracanã, templo ideal para a consagração de uma Alemanha moderna, jovem e repleta de talentos do goleiro até o atacante, além de boas e pontuais opções no banco de reservas. É hora de relembrar a saga germânica rumo ao topo do mundo.

 

Hora de mudar

Lothar Matthäus, em 2000: uma década após o tricampeonato, a Alemanha era apenas um retrato do grande time que fora um dia.
Decepção de Lothar Matthäus, na Euro de 2000: uma década após o tricampeonato, a Alemanha era apenas um retrato do grande time que fora um dia.

 

Demorou, mas quando os alemães se deram conta de que era preciso uma mudança drástica em seu futebol, quase foi tarde demais. Em 1998, o primeiro sinal foi dado nas quartas de final da Copa do Mundo da França, quando a seleção foi eliminada por uma desconhecida (mas talentosa) Croácia por acachapantes 3 a 0. Dois anos depois, na Eurocopa, os alemães não conseguiram superar Romênia, Portugal e Inglaterra e caíram ainda na primeira fase, com um péssimo último lugar no Grupo A, após um empate e duas derrotas. Com uma seleção envelhecida e jogadores que já pensavam na aposentadoria como Matthäus (39 anos), Thomas Hässler (34 anos), Oliver Bierhoff (32 anos), e Dariusz Wosz (31 anos), a Alemanha era apenas um retrato do que havia sido no passado.

Indignada com os resultados pífios e desastrosos daqueles dois anos, a federação de futebol do país começou a estruturar um grande e complexo trabalho para que os frutos fossem colhidos anos mais tarde. Não havia pressa em ser campeão, mas cuidado para formar um time que pudesse ser campeão. E, para isso, foi investido cerca de 20 milhões de euros por ano nas primeiras temporadas daquele trabalho só em categorias de base, para que jovens de 11, 12 e 13 anos viessem a se tornar craques da elite mundial em uma década. Era a idade ideal para se moldar a mente de um futuro jogador, algo correto que ia à contramão de clubes que pensam que um craque pode ser criado a partir dos 18 anos de idade.

Nessas categorias de base, a Federação Alemã tratou de focar nos mais de 14 mil jovens atendidos no período que o futebol não podia mais ser baseado na força física e na posição fixa, mas sim na qualidade técnica, na versatilidade e na eficiência do ataque. O treinamento especializado foi ampliado, também, nos clubes e 366 centros de formação de talentos foram construídos pelo país. Falando em clubes, os dirigentes alemães cortaram o vício das contratações de atletas estrangeiros e exigiram que toda equipe tivesse pelo menos dez atletas formados nas categorias de base no elenco profissional. A medida foi fundamental para que as times trabalhassem indiretamente em prol da seleção, já que também teriam que pincelar e lapidar futuros talentos.

Ballack e Schweinsteiger, em 2004.
Ballack e um novato Schweinsteiger, em 2004.

 

Além de tudo isso, o futebol alemão ganhou várias escolas de alto rendimento, academias de futebol instaladas em clubes e uma educação especial para cada jovem voltada ao esporte e ao crescimento como profissional, blindando os atletas das más amizades e da falta de comprometimento após os primeiros salários e a rápida independência financeira. Além disso, os jovens deveriam ir bem na escola, caso contrário, eram excluídos do programa. Durante mais de uma década, a Federação Alemã gastou mais de um bilhão de dólares com esse imenso trabalho de reformulação.

O reflexo de tudo isso começou a aparecer rapidamente no Campeonato Alemão, que passou a ter cada vez mais jogadores do país do que de fora. Bayern, Schalke 04, Borussia Dortmund, Mainz e outros times pouparam dinheiro com contratações caras em prol de jovens essencialmente alemães. Em 2002, na Copa do Mundo, a equipe chegou ao vice-campeonato, mas ainda tinha vários atletas com idade superior a 28 anos e pouquíssimos jovens (Klose, com 23 anos, era um deles). Em 2004, na Eurocopa, outra campanha ruim em solo continental e queda na primeira fase. Entretanto, foi naquela competição que garotos como Phillipp Lahm (20 anos), Lukas Podolski (19 anos) e Bastian Schweinsteiger (19 anos) começaram a aparecer na equipe titular da seleção. Após o torneio, Rudi Völler deixou o comando técnico e deu lugar a outro atacante tricampeão mundial com a geração de 1990: Klinsmann, que iria apostar totalmente nos jovens para fazer bonito na Copa do Mundo de 2006, na própria Alemanha.

 

Calibragem em casa e mais jovens de talento

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Com novos craques surgindo rapidamente e uma mentalidade totalmente diferente, a Alemanha foi deixando de lado o esquema de jogo focado no líbero e nas marcações individuais para dinamizar seu futebol com um estilo mais ofensivo e rápido, sem o jeito sisudo dos anos anteriores. O técnico Klinsmann, ao lado de seu auxiliar, Joachim Löw, teve grande competência para ajudar a transformar a Seleção Alemã em uma equipe moderna e competitiva. E isso foi visto durante a Copa de 2006, quando a torcida germânica fez a festa jogando junto com sua equipe, em casa, e reaprendendo a torcer por atletas jovens e com uma natural vontade de vencer. Um exemplo da mudança pela qual passava a equipe foi na relação de convocados, que teve apenas dois dos 23 jogadores atuando em equipes estrangeiras.

Os 21 restantes eram todos da Bundesliga, um retrato de que o futebol alemão estava no caminho certo. Na primeira fase da Copa, a equipe venceu seus três jogos, contra Costa Rica (4 a 2), Polônia (1 a 0) e Equador (3 a 0) jogando um futebol eficiente e ofensivo. Na segunda fase, a Nationalmannschaft eliminou Suécia (2 a 0), Argentina (1 a 1 e vitória por 4 a 2 nos pênaltis), mas caiu na semifinal diante da futura campeã, Itália, com derrota por 2 a 0 nos minutos finais da prorrogação. Na disputa pelo terceiro lugar, a equipe da casa bateu Portugal por 3 a 1 e encheu de orgulho sua torcida, que fez uma inesquecível festa em Berlim que parecia até que a Alemanha havia vencido o Mundial.

Klinsmann e Löw, em 2006: parceria de sucesso no comando da Alemanha.
Klinsmann e Löw, em 2006: parceria de sucesso no comando da Alemanha.

 

Durante a campanha, Joachim Löw tomou nota das várias qualidades daquela equipe e dos pontos a melhorar, e foi nomeado como novo técnico do selecionado germânico logo após a Copa. Löw manteve o trabalho do companheiro Klinsmann e passou a olhar mais e mais para as categorias de bases dos clubes e para os jovens que se destacavam no futebol do país. Além disso, o treinador melhorou o controle de bola e os passes de seus jogadores, que antes se mandavam muito para o ataque sem antes trabalhar a bola e perceber pontos fracos do adversário.

O primeiro grande desafio do novo treinador aconteceu em 2008, na disputa da Eurocopa. A Alemanha superou as péssimas campanhas das duas edições anteriores e conseguiu avançar até a final graças a um esquema de jogo bastante ofensivo e com muitos gols marcados (no mata-mata, foram duas vitórias por 3 a 2, contra Portugal e Turquia). Na decisão, porém, os alemães não resistiram ao toque de bola envolvente da iluminada Espanha, que venceu por 1 a 0 e faturou o título com uma dominância notável durante o jogo (foram 13 chutes a gol contra quatro da Alemanha, além de sete escanteios espanhóis contra quatro alemães).

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O revés doeu, claro, mas o trabalho de Löw continuou sem interferências já com foco na classificação para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Nas Eliminatórias, a seleção alemã passou sem dificuldades por Rússia, Finlândia, País de Gales, Azerbaijão e Liechtenstein com oito vitórias, dois empates, 26 gols marcados e apenas cinco sofridos em 10 jogos disputados, com destaque para o ataque formado por Podolski, Klose e Ballack, responsáveis por 17 dos 26 gols da Alemanha. Foi durante as Eliminatórias que o técnico Löw testou mais dois jovens que seriam peças importantes no decorrer da trajetória alemã: o volante Sami Khedira e o meia Mesut Özil, revelados no Stuttgart e Schalke 04, respectivamente, exatamente após o início do plano de transformação do futebol alemão.

Em 2010, foi a vez de um polivalente atacante ganhar uma vaga no time após grandes jogos com a camisa do Bayern: Thomas Müller, que estreou pela seleção em um amistoso contra a Argentina, em Munique, em março daquele ano, com vitória argentina por 1 a 0. Após o jogo, uma curiosidade: na coletiva de imprensa, na qual estava o técnico da Argentina na época, Diego Maradona, Thomas Müller foi convidado para ser um dos entrevistados, mas Maradona se recusou a iniciar a conversa com os jornalistas por “não ser comum ter um gandula na mesa”. Logo em seguida, membros da comissão técnica alemã avisaram Maradona que Müller era, na verdade, um jogador. O técnico ficou desconcertado e se desculpou. No entanto, Müller guardou para ele aquele momento para, um dia, dar uma bela resposta ao Hermano

Maradona (à dir.) e a famosa cena do "gandula" Müller: argentino teria o troco na Copa de 2010.
Maradona (à dir.) e a famosa cena do “gandula” Müller: argentino teria o troco na Copa de 2010.

 

Alegria na África

O técnico Löw convocou para a Copa da África uma seleção puramente jovem e com várias promessas. Para o gol, ele levou Manuel Neuer, do Schalke 04, de 24 anos. Para a defesa, destaque para Jansen (24 anos), Badstuber (21 anos), Mertesacker (25 anos) e Jérome Boateng (21 anos), além do capitão Lahm (26 anos), que assumiu a braçadeira após o corte de Michael Ballack. Para o meio de campo, Löw levou Schweinsteiger (25 anos), Khedira (23 anos), Özil (21 anos) e Kroos (20 anos). Para o ataque, os jovens da vez foram Thomas Müller (20 anos) e Mario Gómez (24 anos). Com uma geração desconhecida para muita gente na época, o técnico tirou a responsabilidade dos seus atletas e fez com que o time jogasse sem medo nem a obrigação de ser campeão – tal peso era praticamente todo da Espanha, a favorita maior ao caneco.

Na primeira fase, os alemães começaram da melhor maneira possível ao golearem a Austrália por 4 a 0, com gols de Podolski, Klose, Müller e Cacau. Na partida seguinte, contra a Sérvia, o time perdeu Klose, expulso, logo no começo do primeiro tempo, e acabou prejudicado para o decorrer do jogo. Com isso, a Sérvia aproveitou os espaços e venceu por 1 a 0. No último e decisivo duelo, os alemães venceram Gana por 1 a 0 (gol de Özil) e avançaram para as oitavas de final na liderança do grupo D.

Müller vibra: jovem foi a maior revelação da Copa da África, marcou um gol na Argentina de Maradona...
Müller vibra: jovem foi a maior revelação da Copa da África, marcou cinco gols, se vingou de Maradona…

 

... E ainda levou a Chuteira de Ouro da Copa!
… E ainda levou a Chuteira de Ouro da Copa!

 

Após três jogos sem muita badalação, a Alemanha guardou para a fase de mata-mata suas qualidades. Nas oitavas, contra a eterna rival Inglaterra, a equipe mostrou uma enorme força ofensiva, muita velocidade e talento para golear os ingleses por 4 a 1. Klose, após cobrança de tiro de meta de Neuer, mostrou seu natural oportunismo e fez 1 a 0. Doze minutos depois, Müller avançou pela direita e cruzou para Podolski, que mandou para o fundo do gol de James: 2 a 0. A Inglaterra diminuiu com Upson, aos 37´, e deveria ter empatado com Lampard, mas o gol do meia não foi validado pela arbitragem, que disse que a bola não entrou.

Mas a Jabulani entrou muuuuito e gerou várias críticas tempo depois, algo que motivou a FIFA a adotar a tecnologia da linha do gol para evitar casos como esse (e que entrou em vigor na Copa do Mundo de 2014). No segundo tempo, o artilheiro Müller fez o terceiro após um maravilhoso contra-ataque e assistência de Schweinsteiger. O quarto gol também foi de Müller, após receber na área após cruzamento da esquerda de Özil. Embora a Inglaterra tenha sido prejudicada, foi inegável o futebol apresentado pela Alemanha, que deu show de eficiência e técnica diante dos rivais.

Nas quartas de final, o time de Löw teve pela frente outro rival histórico: a Argentina, a mesma que havia vencido os alemães no começo do ano por 1 a 0 em plena Munique. Mordidos, os europeus mostraram sua força logo aos três minutos, quando Thomas Müller escorou uma falta cobrada por Schweinsteiger e abriu o placar para a Alemanha, gol que serviu como uma doce resposta à Maradona pelo episódio do gandula. No segundo tempo, os germânicos ampliaram com Klose e chegaram ao terceiro gol com Friedrich, que complementou uma jogada sublime de Schweinsteiger, que deixou três marcadores para trás, invadiu a área e tocou para o zagueiro finalizar.

Schweinsteiger contra a Argentina.
Schweinsteiger contra a Argentina.

 

Perto do final do jogo, contra-ataque quatro contra três e finalização precisa do artilheiro Klose, que fechou mais uma goleada alemã: 4 a 0. Após o duelo, o técnico Joachim Löw se rendeu ao desempenho de seus jogadores e disse que a partida alemã havia sido de “absoluta classe”. No entanto, aquela vitória deixava um saldo negativo: Thomas Müller, grande revelação do torneio, estava suspenso pelo segundo cartão amarelo para o duelo semifinal contra a Espanha.

 

Bronze próspero

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Nas semis, a Alemanha tinha a chance de vingar a derrota na final da Euro contra a Espanha, que vinha derrotando seus rivais por apenas 1 a 0, mas com amplo domínio das partidas graças ao Tiki-Taka, nome dado à constante troca de passes e posse de bola característica daquele time. Ao contrário dos outros jogos, a Alemanha entrou em campo com uma postura muito defensiva e com receio de atacar, o que ofereceu à Espanha o total controle do jogo que ela tanto queria. Sem engatilhar seus perigosos contra-ataques, os alemães não jogaram com a ousadia dos duelos anteriores e foram penalizados por isso: derrota por 1 a 0 e o fim do sonho de disputar a final.

Mesmo com o revés, aquela geração aprendeu muito ao enfrentar a melhor seleção espanhola da história (e por duas vezes) por absorver parte do futebol praticado pelos Rojos, principalmente o controle da posse de bola e as várias maneiras de se construir uma jogada de gol (com o detalhe de que os alemães iriam aperfeiçoar a finalização, que se mostrou um dos pontos deficientes do time espanhol na Copa – e que explicou os vários 1 a 0).

A base alemã na Copa de 2010: ataque rápido e jovens sem pressão fizeram bonito na África do Sul.
A base alemã na Copa de 2010: ataque rápido e jovens sem pressão transformaram a equipe na maior goleadora do Mundial.

 

Na disputa pelo 3º lugar, Müller voltou e marcou mais um gol (o quinto dele na Copa) na vitória alemã por 3 a 2 sobre o Uruguai (os outros foram de Jansen e Khedira). Ao término da Copa, Thomas Müller ganhou a Chuteira de Ouro como artilheiro do Mundial e ainda o prêmio de Melhor Jogador Jovem da competição. No All-Star Team, Lahm e Schweinsteiger marcaram presença como os representantes da Alemanha entre os vários espanhóis do time escolhido pelo júri. O saldo da Alemanha naquele Mundial foi bastante positivo muito pelo fato de a equipe ser jovem e, logo em sua primeira grande competição, conseguir chegar ao terceiro lugar, além de ter tido o melhor ataque da Copa com 16 gols marcados em sete jogos. Se aquele time havia alcançado o bronze sem maturidade suficiente, imagine se tivesse experiência? Era o que os torcedores alemães já aguardavam com muita ansiedade a partir daquele instante.

 

E a safra aumenta…

Schüurle, Reus e Götze: mais talentos para o técnico Löw aproveitar.
Schüurle, Reus e Götze: mais talentos para o técnico Löw aproveitar.

 

Lembra do trabalho iniciado lá em 2000? Pois bem. Uma década depois, a Alemanha já colhia os vertiginosos frutos com talentos para todas as posições. Além dos jovens que brilharam na África, o técnico Joachim Löw já tinha a sua disposição os defensores Hummels (23 anos) e Höwedes (24 anos), os meias Reus (23 anos) e Götze (20 anos) e o atacante Schüurle (21 anos). Uma curiosidade é que estes dois últimos foram os primeiros jogadores nascidos após a reunificação da Alemanha a atuarem pela seleção principal, em novembro de 2010, num amistoso contra a Suécia.

A garotada alemã mostrou seu valor já nas Eliminatórias para a Eurocopa de 2012, quando ajudaram a Alemanha a vencer todos os seus dez jogos, com 34 gols marcados (melhor ataque) e sete sofridos (melhor defesa). Os destaques da campanha avassaladora ficaram por conta das goleadas sobre Azerbaijão (6 a 1), Áustria (6 a 2) e Cazaquistão (3 a 0 e 4 a 0), além de ótimas vitórias sobre Turquia (3 a 1, fora de casa) e Bélgica (3 a 1, em casa). Klose, com nove gols, Mario Gómez, com seis, e Özil, com cinco, foram os artilheiros da equipe. Jogando muito, a Alemanha era, ao lado da Espanha, a grande favorita ao título da Euro.

 

Outra vez ela…

Lahm (à dir.) se desespera: outra vez a Itália foi carrasco em uma fase de mata-mata.
Lahm (à dir.) se desespera: outra vez a Itália foi carrasco em uma fase de mata-mata.

 

Na primeira fase, a Alemanha mostrou que queria o tetracampeonato europeu e venceu os três jogos que disputou. Na estreia, vitória por 1 a 0 sobre Portugal, com gol de Mario Gómez. No duelo seguinte, triunfo por 2 a 1 sobre a Holanda (dois gols de Mario Gómez) e classificação encaminhada. A vitória por 2 a 1 sobre a Dinamarca (gols de Podolski e Bender) colocou os alemães nas quartas de final, na qual eles venceram a Grécia por 4 a 2 (gols de Lahm, Khedira, Klose e Reus) e foram embalados para a semifinal. No entanto, a rival foi a Itália, que jamais perdeu um jogo eliminatório de uma grande competição para a Alemanha. E, naquele dia 28 de junho de 2012, não foi diferente. Balotelli marcou duas vezes e comandou a vitória italiana por 2 a 1, resultado que colocou a Azzurra na decisão e fez a torcida alemã amargar mais uma derrota em uma reta final de um torneio importante.

 

Arrumando a casa

4 a 0 pró...
4 a 0 pró…

 

... 4 a 4 ao apito final: empate contra a Suécia foi um divisor de águas no time alemão.
… 4 a 4 ao apito final: empate contra a Suécia foi um divisor de águas no time alemão.

 

Após mais um tropeço, muitos questionamentos começaram a aparecer na imprensa alemã se realmente aqueles jovens estavam preparados para disputar um grande torneio como uma Copa do Mundo. Tais perguntas ganharam tons mais ásperos principalmente no segundo semestre de 2012, quando a equipe perdeu um amistoso para a Argentina por 3 a 1, em casa, e, já pelas Eliminatórias para o Mundial, permitiu uma reação impressionante da Suécia no emblemático jogo do dia 16 de outubro, em Berlim, quando os alemães venciam por 4 a 0 até os 11 minutos do segundo tempo e, achando que a partida estava ganha, permitiram o empate sueco em 4 a 4, com o quarto gol dos escandinavos marcado nos acréscimos por Rasmus Elm. Aquele desvio de atenção foi um divisor de águas para a seleção e para o elenco.

Se eles quisessem mesmo viajar para o Brasil como favoritos, eles não poderiam permitir uma reação como aquela. Era preciso se impor, controlar o jogo e jamais deixar a soberba tomar conta, muito menos tirar o pé. O apetite deveria estar sempre aguçado e o faro por gols a mil. Depois daquela pane e uma sacudida, a equipe disputou mais cinco jogos entre novembro de 2012 e maio de 2013, com quatro vitórias e um empate, incluindo um triunfo por 2 a 1 sobre a França, em Saint-Denis (FRA), e um 4 a 2 em cima do Equador, nos EUA.

Em junho de 2013, a equipe perdeu um amistoso para os EUA por 4 a 3, em Washington, e não iria mais perder um jogo sequer por mais de um ano. Na reta final das Eliminatórias, quatro vitórias seguidas contra Áustria (3 a 0), Ilhas Faroe (3 a 0), Irlanda (3 a 0) e o troco na Suécia: 5 a 3, fora de casa, com show de Schüurle, que marcou três vezes e coroou mais uma campanha invicta dos alemães: 10 jogos, nove vitórias, um empate, 36 gols marcados e 10 sofridos. Özil, com oito gols, foi o artilheiro do Grupo C. Marco Reus, com cinco, Götze, Müller, Schüurle e Klose, todos com quatro, também brilharam na lista de artilheiros.

Com um jogo mais fluído e seguro, a Alemanha garantiu sua vaga no Mundial e manteve a boa imagem de seu futebol com um empate em 1 a 1 com a Itália, em Milão, e duas vitórias por 1 a 0 sobre Inglaterra (em Wembley) e Chile (na Alemanha). Antes de viajar para o Brasil, a equipe disputou mais três amistosos, empatou dois (0 a 0 com a Polônia e 2 a 2 com Camarões) e venceu um (6 a 1 na Armênia). De malas prontas, os germânicos deixaram o Velho Continente como um dos favoritos ao título mundial – mesmo com o corte inesperado de Reus, devido a uma contusão.

 

Paz e descontração

O paradisíaco CT alemão durante a Copa: lugar ideal para uma boa preparação.
O paradisíaco CT alemão durante a Copa: lugar ideal para uma boa preparação.

 

Quando chegaram ao Brasil, os alemães fugiram dos grandes centros, das capitais e até das opções de alojamento mostradas pela FIFA para buscarem um local próprio. A Federação Alemã decidiu se hospedar na comunidade de Santo André, na belíssima Santa Cruz Cabrália, na Costa do Descobrimento (BA), a 20 km de Porto Seguro e 15 km do aeroporto mais próximo. Com praias ao redor e a tribo Pataxó como recepcionista, a delegação alemã encontrou os mais prósperos ares para treinar e se concentrar nos desafios que teria na caminhada rumo ao tetra. Simpáticos e longe de mostrarem aquele ar frio de várias nações europeias, os alemães conquistaram o povo local e, após a estadia em solo baiano, doaram 10 mil euros à comunidade Pataxó que tão solícita foi a eles. Com todo aquele clima, a retribuição do time não poderia ser outra: bom futebol, organização tática e ofensividade.

Índios alegraram a chegada alemã em solo baiano.
Índios alegraram a chegada alemã em solo baiano.

 

Líderes. E sem marmelada

Na estreia alemã, contra Portugal, a partida foi praticamente toda da Alemanha, que abriu o placar logo aos 12´com Müller, de pênalti, ampliou com Hummels, aos 32´, e fez 3 a 0 com Müller, aos 46´do primeiro tempo. Na segunda etapa, o mesmo Müller consolidou seu hat-trick na partida e fechou a goleada de 4 a 0 dos germânicos, que mostraram seu poder de fogo para todo o mundo – e levaram o duelo muito a sério para que Portugal não empatasse como a Suécia empatou lá em 2012. Na partida seguinte, contra Gana, a Alemanha saiu na frente com Götze, mas levou a virada em poucos minutos e ainda viu os ganeses flertarem com o terceiro gol. Mas, aos 26´do segundo tempo, Klose, sempre ele, deixou sua marca e empatou a partida em 2 a 2, resultado que praticamente garantiu a equipe de Joachim Löw nas oitavas de final. Com aquele gol, Klose igualou a marca de 15 gols em Copas do brasileiro Ronaldo.

Müller e Khedira.
Müller e Khedira.

 

No último jogo do grupo, a Alemanha encarou os EUA, comandados por Klinsmann, o “professor” de Löw. As duas equipes poderiam empatar que ambas estariam na segunda fase sem depender do duelo entre Gana e Portugal, o que levantou suspeitas de “jogo de compadres”. Mas a Alemanha foi séria e venceu por 1 a 0, com o gol da vitória marcado por Müller, aos 10´do segundo tempo. A vaga e a liderança do grupo foram confirmadas. E a polêmica de um jogo suspeito passou longe da Arena Pernambuco naquele dia.

 

Sob controle

Schüurle marca na prorrogação: vitória suada contra a Argélia nas oitavas.
Schüurle marca na prorrogação: vitória suada contra a Argélia nas oitavas.

 

Nas oitavas de final, a Alemanha enfrentou a Argélia e teve que encarar um adversário que jogou a partida inteira na retranca com a esperança de vencer em algum contra-ataque. O goleiro argelino M’Bolhi fez milagres e aguentou os 90 minutos sem levar um gol sequer dos alemães, que também souberam se defender nas investidas pontuais que o rival fez. Na prorrogação, logo aos 2´, Schüurle completou de letra um cruzamento e, enfim, abriu o placar para a Alemanha: 1 a 0. O jogo continuou disputado e tenso até que Özil, no último minuto, fez 2 a 0. A Argélia ainda temperou o duelo com um gol nos acréscimos, mas o resultado em 2 a 1 classificou a Alemanha, que foi dominante não só no placar, mas também nos números: 29 a 11 em finalizações; 22 a 7 em finalizações ao gol; 63% de posse de bola; 10 a 4 nos escanteios e 768 passes contra 335 da Argélia.

Contra a França, o zagueiro Hummels fez o único gol do jogo.
Contra a França, o zagueiro Hummels fez o único gol do jogo.

 

Nas quartas de final, os alemães tiveram um adversário histórico pelo caminho: a França, rival nas Copas de 1958, 1982 e 1986. Em um confronto cheio de peso no Maracanã lotado, a equipe alemã mostrou seu amadurecimento técnico e tático para vencer os franceses por 1 a 0, gol do zagueiro Hummels, aos 12´do primeiro tempo. Após o gol, a equipe soube se defender e cozinhou a partida de maneira inteligente e muito eficaz, com nova atuação de gala da dupla de zaga e do goleiro Neuer. Nesta partida, o técnico Löw ouviu a imprensa de seu país e voltou a escalar o centroavante Klose como titular, ao invés de mandar a campo uma equipe sem um “camisa 9” de origem, e colocou o capitão Lahm de volta à lateral, ao invés de escalar o baixinho no meio de campo. Com aquela formação, a Alemanha jogou melhor e com mais eficiência. E seria exatamente assim que o time iria protagonizar, na semifinal, seu melhor jogo na Copa.

 

A epopeia do Mineiratzen

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No dia 08 de julho, no estádio do Mineirão, a Alemanha reencontrou o Brasil em uma Copa do Mundo. Não era final, como em 2002, mas valia uma vaga na sonhada decisão do Maracanã. Os alemães eram favoritos, claro, mas enfrentar um país anfitrião naquela fase não era uma missão muito confortável. No entanto, os germânicos fizeram daquele jogo um momento único, daqueles que vai ficar na memória de todos por décadas e nos livros por toda a eternidade. Com um futebol estonteante, absoluto, técnico, tático e ofensivo, a Alemanha fez 5 a 0 no Brasil em apenas 18 minutos, do gol inaugural de Müller, aos 11´, até o gol de Khedira, aos 29´. Foi um baile que teve requintes de crueldade entre o segundo e quinto gols, anotados em apenas seis minutos. Mortíferos e letais, os alemães exibiam seu futebol para bilhões de pessoas no mundo e dilaceravam o Brasil sem dó nem piedade. E isso porque a equipe diminuiu o ritmo nos quinze minutos finais do primeiro tempo!

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Na segunda etapa, o técnico Löw colocou Schüurle, e o atacante mostrou apetite para fazer o sexto e o sétimo gols, que sacramentaram a vitória alemã por 7 a 1. Foi uma das maiores façanhas da história do futebol alemão em todos os tempos e a maior derrota sofrida na história do Brasil, que mostrou ser apenas uma cópia (bem) barata da grande seleção que fora um dia – e que, inclusive, vencera a Alemanha em uma decisão de Mundial. A vitória alemã colocou a equipe na estratosfera do favoritismo na final e despertou o reconhecimento de todo o mundo, que viu naquele dia o grande elixir de um time planejado há mais de uma década. Leia mais sobre o Mineiratzen clicando aqui.

 

Melhor de três…

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Com o astral nas alturas e em uma final de Copa depois de 12 anos, a Alemanha foi ao Maracanã repetir um duelo bem comum a ela: enfrentar a Argentina, assim como na final da Copa de 1986, no México, e na final da Copa de 1990, na Itália. Em terras mexicanas, deu Argentina. Em terras italianas, deu Alemanha. E em terras sul-americanas? Isso o mundo iria conhecer apenas quando a bola fosse rolar no mais místico estádio brasileiro. A Alemanha apostava em sua força ofensiva e no talento de cada um de seus atletas para ficar com o sonhado tetra. Já a Argentina se apoiava praticamente toda em Lionel Messi, o maior craque daquele time aguerrido e que jogava na base da raça e da vontade. Quando a bola rolou, a Argentina surpreendeu e teve as melhores chances de gol, incluindo uma claríssima com Higuaín, que perdeu um gol cara a cara com o goleiro Neuer após bobeada de Kroos.

Os Hermanos tinham bem menos posse de bola, mas agrediam perigosamente os alemães, que controlavam a partida e esboçavam algumas jogadas de perigo pontuais, como um perigoso chute de Schüurle para defesa de Romero e uma cabeçada na trave do zagueiro Höwedes após cobrança de escanteio. No segundo tempo, Messi teve uma chance de ouro logo no comecinho, mas seu chute de esquerda foi para fora. A Alemanha retomou o controle da partida, mas não conseguiu furar o bloqueio argentino e a partida foi para a prorrogação, a terceira seguida em finais de Copas desde 2006.

A Alemanha de 2014: padrão tático, eficiência técnica e talentos. A Copa ficou em boas mãos.
A Alemanha de 2014: padrão tático, eficiência técnica e talentos. A Copa ficou em boas mãos.

 

O tetra graças à juventude

O gol de Götze: tetracampeonato mundial depois de 24 anos.
O gol de Götze: tetracampeonato mundial depois de 24 anos.

 

Antes do tempo extra, o técnico Joachim Löw decidiu colocar em campo o jovem Mario Götze e inflou o garoto ao dizer para ele:

“Mostre ao mundo todo que você é melhor que Lionel Messi, que é você que decidirá o jogo, porque você é capaz disso”.

As palavras de Löw, para usar um exemplo bem clássico, “caíram na mente de Götze como o espinafre cai na barriga do Popeye”. Rápido e muito talentoso, ele virou uma das armas alemãs contra a retranca argentina e começou a jogar mais pela esquerda, onde estava o companheiro Schüurle. E foi graças à dupla nascida após a reunificação da Alemanha e, consequentemente, após o tricampeonato mundial de 1990, a arquitetar o histórico tetra. Faltando sete minutos para o fim, Schüurle dominou pela esquerda, foi levando, levando e cruzou para Götze. O atacante matou no peito e, sem deixar a bola cair, mandou um lindo chute para o gol de Romero, que nada pôde fazer para evitar um golaço: 1 a 0.

O Maracanã, quase todo do lado alemão e reforçado pela torcida brasileira “anti-Argentina”, explodiu em alegria. Era o gol que simbolizava tudo o que aquela geração havia feito durante anos e anos. Um gol com talento, oportunismo, velocidade, técnica e, acima de tudo, inteligência. Nos minutos seguintes, a Alemanha seguiu impecável na defesa, Neuer e seus guardiões não foram agredidos em nenhum momento e o jogo ficou mesmo em 1 a 0.

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Assim como Brasil e Itália, a Alemanha era tetracampeã mundial de futebol depois de 24 anos de jejum. E, após 14 anos da revolução que transformou para sempre o esporte no país, os alemães tinham o tão sonhado e merecido prêmio. Demorou, mas, quando a taça veio, veio com sobras, grandes atuações e a consagração definitiva de jogadores magníficos e que demonstraram profissionalismo e amor à camisa tão vencedora e emblemática da Die deutsche Fußballnationalmannschaft, que levantou a taça  após sete jogos, seis vitórias, um empate, 18 gols marcados (melhor ataque) e apenas quatro gols sofridos.

 

Um time para a história

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O tetracampeonato mundial foi mesmo o capítulo final de uma geração de ouro. Na Copa de 2018, na Rússia, a equipe deu vexame, não foi nem sombra do time encantador de 2010 e 2014 e caiu já na primeira fase com derrotas para México e Coreia do Sul e apenas uma vitória – sobre a Suécia. Com isso, os germânicos devem iniciar uma nova renovação para tentar repetir as imponentes apresentações de uma seleção que se remodelou e transformou o maior espetáculo da terra em um festival de gols e grandes jogadas.

Afinal, ninguém fez mais gols do que os alemães nas Copas de 2010 e 2014. E ninguém quis tanto jogar para frente e de maneira ofensiva como a Alemanha de Neuer, Lahm, Hummels, Boateng, Schweinsteiger, Kroos, Podolski, Klose, Özil, Müller, Schüurle, Götze e Joachim Löw. Uma seleção que já reside no rol dos imortais do futebol.

 

Números de destaque:

Entre março de 2010 e julho de 2014, a Alemanha disputou 67 jogos, venceu 46, empatou 12 e perdeu nove, com 170 gols marcados e 71 sofridos.

 

Os personagens:

Neuer: imponente dentro da área, técnico com as mãos e os pés e atuando até como líbero em alguns jogos da Alemanha na Copa, Manuel Neuer segue a tradição germânica de apresentar ao mundo goleiros simplesmente incríveis. Seguro, elástico, cheio de personalidade e um titã nos momentos decisivos, o goleirão se transformou em um dos melhores do mundo após a Copa de 2010 e seguiu como titular absoluto não só na seleção, mas também no Bayern München. Fez uma ótima Copa em 2014 e ganhou a Luva de Ouro de melhor goleiro do torneio. Craque indiscutível.

Lahm: cria do Bayern, o capitão Philipp Lahm mostrou a eficiência de sempre na Copa de 2014 ao atuar como volante e lateral-direito, sua clássica posição de origem e que o fez um dos principais jogadores do mundo. Impecável na marcação, no apoio ao ataque e nos passes e desarmes, é um líder natural que chama a responsabilidade para si em todos os momentos. Após três Copas disputadas, se aposentou da seleção logo após o tetracampeonato, aos 30 anos de idade. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Boateng: com uma notável força física, soberania nas bolas aéreas e ótimo senso de colocação, o defensor foi um gigante nesses anos de ouro do time de Löw. Capaz de atuar na lateral ou no miolo de zaga, fez ao lado de Hummels um verdadeiro paredão durante a Copa de 2014.

Friedrich: foi um dos principais zagueiros da Alemanha no começo da era Löw, em 2010, e titular na Copa de 2010. Bom na marcação e nas jogadas aéreas, esteve presente nos times que disputam a Copa de 2006 e as Eurocopas de 2004 e 2008. Deixou a seleção em 2011 e se aposentou do futebol em 2013.

Badstuber: outro que atuou tanto na lateral quanto no miolo de zaga no período, esteve na Copa de 2010 e foi titular nos dois primeiros jogos da equipe na África do Sul até perder espaço para Boateng. Começou a carreira em 2000, no Stuttgart, até se transferir para o Bayern München, em 2002.

Hummels: uma das grandes revelações do futebol alemão, o zagueiro Mats Hummels fez uma Copa de 2014 excepcional e foi um dos melhores jogadores de todo o torneio mesmo sofrendo com contusões e até resfriado. Eficiente na saída de bola, nas jogadas aéreas, nos desarmes e muito seguro, foi o pilar do sistema defensivo armado pelo técnico Löw, além de ter marcado dois gols fundamentais para a campanha do tetracampeonato mundial (incluindo o da vitória sobre a França, nas quartas de final). Revelado em 2006 pelo Bayern, chegou ao estrelato jogando pelo Borussia Dortmund.

Mertesacker: com quase dois metros de altura (tem 1,98m), o zagueirão revelado pelo Hannover 96 em 2003 sempre figurou nas listas do técnico Löw e marcou presença nas grandes competições disputadas pela Alemanha no período. Quase imbatível nas jogadas aéreas por razões óbvias, fez o simples e não hesitava em dar chutões quando necessário, além de compensar a falta de velocidade com boas antecipações.

Höwedes: começou no Schalke 04, em 2007, e ganhou suas primeiras convocações na seleção já em 2011 graças a sua regularidade e muita segurança no sistema defensivo. Titular na Copa de 2014, Höwedes foi um dos poucos a jogar todos os jogos e todos os minutos da campanha do tetra (os outros foram Neuer e Lahm), sendo fundamental para o esquema tático da equipe alemã.

Schweinsteiger: revelado pelo Bayern, em 2002, Bastian Schweinsteiger já é um dos maiores craques da história do futebol alemão e um sonho de consumo para qualquer clube do planeta. Afinal, quem nunca quis em seu time um jogador capaz de atuar em qualquer posição do meio de campo, seja para defender ou atacar, e com as qualidades de passe, visão de jogo, chute, desarmes e lançamentos dele? Foi o grande motor da máquina alemã no período e titular em todos os times montados pelo técnico Löw. Disputou as Copas de 2006, 2010 e 2014.

Khedira: outro que começou a ganhar mais chances na seleção após a entrada de Löw, Khedira se destacou no meio de campo da equipe graças a sua força na marcação e em ajudar nos desarmes para engatar pontuais contra-ataques do time alemão. Revelado pelo Stuttgart, em 2004, chamou a atenção do Real Madrid-ESP e foi contratado pelo clube espanhol em 2010. Disputou as Copas de 2010 e 2014.

Draxler: meia bastante promissor, foi revelado pelo Schalke 04, em 2011, e apenas um ano depois já começou a aparecer nas convocações da seleção principal. Esteve na Copa de 2014 e entrou durante o massacre de 7 a 1 sobre o Brasil, na semifinal.

Kroos: criativo, inteligente, sempre presente no ataque e eficiente quando o adversário tem a bola. Toni Kroos amadureceu conforme sua seleção e jogou muito na Copa do Mundo de 2014, sendo considerado por muitos como o grande craque da competição (e não Lionel Messi, erroneamente eleito pela FIFA). Esteve presente na Copa de 2010, na Euro de 2012 e foi um dos jogadores fundamentais do esquema tático do técnico Löw.

Podolski: nascido na Polônia, o atacante escolheu defender as cores alemãs e ganhou suas principais chances quando Klinsmann ainda era o técnico da seleção. O jovem fez uma ótima Copa do Mundo em 2006 e manteve-se no elenco quando Löw assumiu o comando. Podolski esteve, também, nas Copas de 2010 e 2014. Rápido, com um bom chute e perigoso em jogadas de contra-ataque pela esquerda, não foi titular no Brasil, mas se mostrou muito importante para o grupo. Em 116 jogos pela equipe até julho de 2014, marcou 47 gols e cravou seu nome na lista de maiores artilheiros da seleção em todos os tempos.

Schürrle: outro da safra mais recente de craques, o atacante começou a aparecer mais nas convocações após a Copa da África e mostrou-se um artilheiro prolífico e moderno, capaz de atuar mais centralizado ou rodeando a defesa rival. Revelado pelo Mainz, em 2009, foi considerado por muitos como o sucessor de Klose no ataque alemão, mas acabou perdendo espaço na seleção.

Özil: dispensado das categorias de base do Schalke 04 por ser muito franzino, Mesut Özil conseguiu uma nova chance no clube e despontou como um grande talento nos anos seguintes até gastar a bola no Werder Bremen entre 2008 e 2010. Disputou a Copa do Mundo de 2010 e foi uma das principais revelações do torneio com sua velocidade, fôlego e ótimas jogadas de ataque. Meia muito talentoso, foi para o Real Madrid e, depois, para o Arsenal.

Jansen: esteve em várias escalações titulares da Alemanha entre 2005 e 2010, além de ter atuado na Copa do Mundo de 2010. Após a crescente leva de bons jogadores que começaram a aparecer, o ponta perdeu espaço e não foi mais chamado pelo técnico Löw.

Thomas Müller: o mundo conheceu o talento e a vontade de Thomas Müller na Copa de 2010, quando o alemão se tornou a maior revelação do Mundial e um dos artilheiros com cinco gols – ele acabou vencendo a Chuteira de Ouro, o prêmio de Melhor Jogador Jovem da Copa, foi eleito para o All-Star Team e ainda deu três passes para gols (!). A partir dali, o craque virou um dos maiores símbolos da seleção alemã e capaz de jogar como centroavante, atacante, meia, ponta e até por mostrar um futebol muito solidário e operário ao ajudar na marcação, roubar bolas dos adversários e jogar com muita gana e raça. Além de tudo isso, Müller sempre teve uma inteligência tática acima da média e raríssima, fazendo dele o jogador ofensivo dos sonhos para qualquer treinador. Porém, os privilegiados foram apenas Joachim Löw, da Alemanha, e os técnicos que passaram pelo Bayern… Na Copa de 2014, continuou artilheiro e fez mais cinco gols na campanha do título mundial dos alemães, incluindo o gol que abriu o placar do épico 7 a 1 sobre o Brasil na semifinal e três nos 4 a 0 sobre Portugal, na primeira fase. Mais uma vez o craque entrou para o All-Star Team da Copa, venceu a Chuteira de Prata e a Bola de Prata.

Cacau: o brasileiro naturalizado alemão esteve no grupo que disputou a Copa de 2010 e até deixou sua marca na goleada de 4 a 0 sobre a Austrália. Depois do torneio, o atacante perdeu espaço e não foi mais chamado pelo técnico Löw.

Reus: versátil, técnico e muito habilidoso, Marco Reus virou titular da Alemanha após a Euro de 2012 e tinha tudo para fazer da Copa de 2014 o seu palco para o auge quando se machucou no amistoso contra a Armênia, dias antes da estreia, e foi cortado.

Klose: outro de origem polonesa, fez da camisa alemã sua segunda pele e sempre compensou a falta de uma técnica mais apurada com um faro enorme para marcar gols. Nascido para brilhar na seleção, Klose nunca foi um artilheiro nato nos clubes que passou, mas sempre brilhou em Copas e em torneios pela equipe germânica. Disputou as Copas de 2002, 2006, 2010 e 2014 e se tornou o maior artilheiro da história dos Mundiais com 16 gols, marca alcançada exatamente no torneio do Brasil. Pela seleção, é o maior artilheiro da equipe na história com 71 gols em 137 jogos. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Götze: habilidoso, driblador, ótimo no controle de bola em velocidade e considerado uma das maiores promessas da atual safra do futebol alemão, o jovem de 22 anos entrou para o rol de heróis da seleção ao marcar o golaço do título mundial na Copa de 2014. Ao contrário do que acontece em muitos países (principalmente no Brasil), nunca ganhou o status de craque maioral nem de titular absoluto nas escalações do técnico Löw justamente para que ele não começasse a se achar mais do que era. A tática deu certo e o jovem foi fundamental para a caminhada alemã ao topo do mundo.

Mario Gómez: o “Super Mario” viveu seu grande momento na temporada 2011-2012, quando foi o artilheiro do Bayern e referência da seleção durante a disputa da Eurocopa de 2012. Fez grandes partidas, mas acabou perdendo espaço para os jovens mais técnicos e rápidos do que ele, além de o técnico Löw abdicar em vários momentos de um centroavante fixo.

Joachim Löw (Técnico): após o “estágio” com Klinsmann, o treinador mostrou talento próprio e personalidade para comandar uma legião de jovens craques e mostrar a eles que um título mundial era mais do que possível. Após uma ótima Copa em 2010 e uma decepção na Euro de 2012, o treinador deu a volta por cima, arrumou a casa e criou um time impecável e capaz de jogar sufocando o adversário ou cozinhando uma partida com apenas um gol de vantagem. Teve méritos enormes no tetra.

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Comentários encerrados

7 Comentários

  1. E aquela apresentadora do Globo Esporte da Globo comemorou o fato da seleção alemã ficar concentrada aqui na Bahia: ” Quem sabe não dá aquela preguicinha” Mal sabia ela, que aqui na Bahia o negócio é diferenciado.

  2. Os alemães mostraram que não se ganha uma copa com uma ou duas estrelas, mas com um conjunto brilhante e competitivo. E podem escrever: é só o começo para essa seleção, eles ganharão muito mais

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Do sucesso à queda – Nuno Espírito Santo