in

História da Camisa do Uruguai

Por Guilherme Diniz

Azul-celeste, preto e branco. Não há no mundo alguém que não conheça essa combinação. E poucos uniformes são tão bonitos e tão cheios de história quanto o da Seleção Uruguaia de futebol, bicampeã da Copa do Mundo, bicampeã Olímpica e 15 vezes campeã da Copa América. Competitiva ao extremo e berço de craques do mais alto quilate, a eterna Celeste Olímpica não nasceu vestindo o manto que tanto a fez famosa no planeta bola. Longe disso. Ela nasceu sem qualquer padrão de cores e permaneceu uma década alternando diversos tons até chegar ao azul-celeste tão conhecido nos dias atuais.

A Seleção Uruguaia começou a escrever sua história futebolística em 1901, e teve como primeiro manto a vestimenta do Albion Football Club, mais antigo clube do país e o primeiro a vencer uma partida fora do Uruguai (em 1896, na Argentina). Mas a camisa azul com uma grande faixa em vermelho não trouxe sorte: a seleção perdeu para a Argentina, em Montevidéu, por 3 a 2. Durante a primeira década do Século XX, a equipe uruguaia não teve um padrão de uniforme e utilizou camisa azul com faixa transversal em branco, camisa verde, camisa branca, camisa listrada em azul-celeste e branco e até uma camisa listrada em azul e branco com uma faixa diagonal em vermelho, inspirada na bandeira de Artigas (departamento uruguaio ao norte do país, localizado a 600km de Montevidéu), uma homenagem a José Gervasio Artigas, tradicional herói uruguaio.

 

Em 1910, um fato curioso determinou o nascimento definitivo do manto uruguaio em azul-celeste. O River Plate F.C., um dos principais clubes da era amadora do futebol uruguaio (que deixou de existir em 1929), venceu uma partida histórica contra o Alumni, da Argentina, por 2 a 1, triunfo que teve enorme repercussão pelo fato de os argentinos serem quase imbatíveis e os maiorais de seu país na época. Naquela ocasião, o River entrou em campo vestindo camisa azul-celeste, calção preto e meias pretas, sua segunda opção de uniforme quando não jogava com a camisa alvirrubra e calção preto. Como forma de tributo, Ricardo Le Bas, dirigente do Montevideo Wanderers, sugeriu a adoção da camisa azul-celeste e dos calções e meias pretas pela seleção, o que foi prontamente atendido naquele mesmo ano de 1910 por Héctor Gómez, presidente da Associação Uruguaia de Futebol na época.

Depois da definição de sua camisa titular, a Seleção Uruguaia disputou várias partidas jogando dessa maneira e construiu o mito e o apelido de “Celeste Olímpica” na década de 1920, quando encantou os europeus e venceu o Ouro Olímpico nos Jogos de Paris, em 1924, e Amsterdã, em 1928. Para coroar uma geração fantástica de futebolistas como Nasazzi, Mascheroni, Andrade, Dorado, Scarone, Castro e Cea, a Celeste venceu a primeira Copa do Mundo da história, em 1930, com uma vitória por 4 a 2 sobre a rival Argentina, e se consagrou de vez como uma das melhores seleções de todos os tempos – leia mais sobre ela clicando aqui!

O time campeão mundial em 1930.

 

Em 1935, embora a equipe jogasse de branco quando era exigido um uniforme reserva, foi utilizada pela primeira vez uma vestimenta composta por camisa vermelha, calção branco e meias brancas com detalhes em vermelho. Tal combinação foi necessária pelo fato de o rival da equipe no jogo de 27 de janeiro de 1935, a Argentina, ter escolhido uma camisa branca como uniforme de jogo. O vermelho deu sorte para o Uruguai, que venceu por 3 a 0 e foi campeão da Copa América daquele ano. Tal cor seria utilizada mais uma vez na Copa do Mundo de 1962, no Chile (vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia), e viraria uniforme reserva oficial entre 1991 e 2010, quando o branco voltou à cena como vestimenta B.

O kit vermelho do Uruguai na Copa de 2002. Foto: Erojkit.com

 

 

 

 

Desde então, o Uruguai conquistou inúmeros títulos, viveu tempos difíceis e voltou a brilhar na segunda década do Século XXI, assim como aconteceu no século passado. Curiosamente, em praticamente todos os bons momentos, o uniforme responsável pelas glórias uruguaias foi um só: camisa azul-celeste, calção negro e meias negras. Foi assim no Maracanazo de 1950. Foi assim em várias Copas Américas. Foi assim no Mundialito de 1981. E pode ser assim na Copa do Mundo de 2022.

Este texto foi uma parceria do Imortais com o Mantos do Futebol, mais completo site brasileiro de notícias sobre camisas de futebol. Acesse este link e confira as novidades e lançamentos de todos os clubes do mundo!

 

Licença Creative Commons
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.

História da Camisa da França

Craque Imortal – Del Piero