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Esquadrão Imortal – Bologna 1934-1941

Uma das escalações de 1934. Em pé: Montesanto, Gianni, Maini, Gasperi, Corsi e Donati. Agachados: Reguzzoni, Monzeglio, Schiavio, Sansone e Fedullo.

 

Grandes feitos: Tetracampeão do Campeonato Italiano (1935-1936, 1936-1937, 1938-1939 e 1940-1941), Campeão da Copa Mitropa (1934) e Campeão do Torneio Internacional da Expo Universal de Paris (1937).

Time-base: Mario Gianni (Carlo Ceresoli / Pietro Ferrari); Dino Fiorini (Eraldo Monzeglio / Mario Pagotto) e Felice Gasperi (Secondo Ricci); Mario Montesanto, Michele Andreolo (Aldo Donati) e Giordano Corsi (Aurelio Marchese); Raffaele Sansone (Giovanni Ferrari) e Francisco Fedullo (Piero Andreoli); Bruno Maini (Amedeo Biavati), Angelo Schiavio (Giovanni Busoni / Héctor Puricelli) e Carlo Reguzzoni. Técnicos: Lajos Kovács (1934-1935), Árpád Weisz (1935-1938) e Hermann Felsner (1938-1941).

 

“Supremazia Rossoblù: il Bologna che tremare il mondo fa!”

 

Por Guilherme Diniz

 

Corria o ano de 1935 e há cinco temporadas que a história se repetia na Itália. Todos disputavam o Scudetto e só a Juventus vencia. Os bianconeri eram pentacampeões consecutivos – primeiros a alcançar o feito no país – e pareciam não ter rivais. Bem, isso até uma equipe rossoblù tomar para si o protagonismo no Calcio e vencer quatro torneios nacionais, dois torneios internacionais e catapultar a história do Bologna FC para sempre. Sob o comando de estrategistas plenos do futebol como Hermann Felsner e Árpád Weisz (este o homem que descobriu ninguém mais ninguém menos que Giuseppe Meazza), o Bologna praticou um futebol ofensivo, moderno e que rendeu à Seleção Italiana grandes nomes para a hegemonia na Copa do Mundo da FIFA, torneio que a Azzurra venceu em 1934 e 1938. Foram anos mágicos de lendas como Michele Andreolo, Eraldo Monzeglio, Amedeo Biavati, Felice Gasperi, Carlo Reguzzoni e o maior de todos eles: Angelo Schiavio, nascido em Bolonha, fiel ao rossoblù em toda a carreira e maior artilheiro da história do clube. A supremacia daquele esquadrão foi tamanha que ele ganhou uma frase impactante para lhe caracterizar: o “Bologna que fez o mundo tremer”, como diz o título acima. É hora de relembrar um dos mais lendários times europeus do século XX.

 

Inspiração continental

O Bologna da temporada 1928-1929, comandado por Hermann Felsner. A partir da esquerda, em cima: F. Busini (I), G. Della Valle, A. Schiavio, A. Busini (III), G. Muzzioli, Bortolotti (massagista); No centro: H. Felsner (treinador), P. Genovesi, G. Baldi, A. Pitto, Bonaveri (presidente); Abaixo: E. Monzeglio, M. Gianni e F. Gasperi.

 

Antes do predomínio da Juventus, o Bologna viveu bons momentos no futebol italiano em boa parte dos anos 1920 e início da década de 1930. Tudo começou quando a diretoria contratou Hermann Felsner, austríaco que dirigiu o time rossoblù de 1920 até 1931 e conquistou os dois primeiros Campeonatos Italianos da história do Bologna, em 1924-1925 e 1928-1929. A vinda de Felsner veio em um período no qual os melhores técnicos europeus eram da Áustria, que se popularizou naquela época com o Wunderteam de Hugo Meisl, por isso, a capital Viena virou o centro de buscas por novos treinadores no Velho Continente. As taças levantadas por Felsner só aumentaram a fama austríaca pelo futebol bem jogado, pela velocidade, a importância da parte tática – ainda pouco discutida – e a plenitude dos fundamentos e no aperfeiçoamento técnico dos jogadores.

Graças a esses estudos que os atletas do Bologna viraram um dos mais requisitados da Itália e foram direto para a seleção italiana, que se preparava naquele início de anos 1930 para a disputa da Copa do Mundo de 1934, em casa. Os mais destacados foram Eraldo Monzeglio, defensor de muita técnica e que compensava a baixa estatura com bom controle de bola, senso de colocação e eficiência nos desarmes; Felice Gasperi, lateral medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de 1928 pela seleção e Angelo Schiavio, artilheiro-nato dos rossoblù que aliava técnica, precisão nos chutes e habilidade em escapar da marcação como poucos atletas da época.

Angelo Schiavio: maior artilheiro da história do Bologna.

 

A saída de Felsner em 1931 fez com que o Bologna perdesse o protagonismo na Itália, embora o clube tenha vencido a Copa Mitropa de 1932, prestigiada competição da época que reunia clubes da Europa Central e que foi, anos depois, uma das inspirações para a criação da Liga dos Campeões da UEFA. Com o quarto lugar no Campeonato Italiano de 1933-1934, o Bologna conseguiu uma vaga na Copa Mitropa de 1934, na qual a equipe seria comandada pelo técnico húngaro Lajos Kovács, que encontrou um elenco forte e com a base que brigava pela ponta do Calcio como Monzeglio, Gasperi, Montesanto, Aldo Donati, Schiavio – que até contribuiu com a equipe técnica do time naquela temporada 1933-1934 – Carlo Reguzzoni e Amedeo Biavati, este revelado pelo Bologna e que disputou nove jogos no Campeonato Italiano.

A jornada do Bologna na Copa Mitropa começou na segunda metade de junho, logo após a conquista italiana na Copa do Mundo da FIFA, que não poderia ser melhor para os petroniani: o gol do título, na vitória por 2 a 1 sobre a Tchecoslováquia, foi de Angelo Schiavio, exatamente o maior craque do clube, que foi um dos titulares rossoblù da Azzurra, ao lado do defensor Eraldo Monzeglio. Mais do que isso, o estádio Littoriale, de propriedade do Bologna, foi uma das sedes da Copa e abrigou dois jogos da reta final do Mundial.

Com gol do rossoblù Schiavio, a Itália venceu sua primeira Copa do Mundo, em 1934.

 

Os rossoblù queriam consolidar a hegemonia italiana no futebol, mas a tarefa não seria fácil, afinal, eles teriam a companhia da Juventus, da Ambrosiana Inter (atual Internazionale) e do Napoli, os outros representantes italianos no torneio, que teria também clubes da Hungria, da Tchecoslováquia e as temidas equipes da Áustria, bases do Wunderteam na Copa do Mundo de 1934, entre eles o SK Rapid, o FK Austria Wien e o SK Admira, campeão austríaco de 1933-1934 e com quatro jogadores na seleção austríaca no Mundial de 1934: o defensor Anton Janda, o goleiro Peter Platzer, o atacante Anton Schall e o meio-campista Johann Urbanek. A estreia dos italianos foi contra o Bocskai, da Hungria, e os rossoblù venceram o duelo de ida por 2 a 0 e perderam a volta por 2 a 1, garantindo a classificação pelo placar agregado de 3 a 2. Nas quartas de final, jogos eletrizantes contra o SK Rapid: o primeiro, na Itália, terminou com goleada do Bologna por 6 a 1, resultado que deixou os italianos bem tranquilos para a volta, em Viena. Mas o time de Schiavio e companhia sofreu um bocado e perdeu por 4 a 1, mas voltou a se classificar com a vitória por 7 a 5 no agregado.

Nas semis, o duelo foi contra o Ferencváros-HUN. Na ida, fora de casa, o Bologna segurou o empate em 1 a 1. Na volta, em casa, mais uma goleada – 5 a 1 – e vaga na final assegurada. O último desafio era o SK Admira, que confirmou o favoritismo e eliminou pelo caminho Napoli-ITA, Sparta Praga-TCH e Juventus-ITA. A partida de ida foi disputada no Praterstadion (atual Ernst Happel Stadium) diante de 50 mil pessoas. Mesmo sem Schiavio no ataque, o Bologna fez 2 a 0 nos primeiros 25 minutos com Spivachi e Reguzzoni. Na segunda etapa, os austríacos fizeram valer o fator casa e conseguiram a virada para 3 a 2, com três gols em quatro minutos: Stoiber, aos 11’, Vogl, aos 13’, e Schall, aos 15’.

Quatro dias depois, em 09 de setembro de 1934, mais de 25 mil pessoas lotaram o estádio Littoriale para a decisão. Os rossoblù precisavam de uma vitória por dois gols de diferença. Mas aquilo não era problema, afinal, Schiavio estava de volta e Reguzzoni vivia uma fase espetacular. Bruno Maini, aos 21’, fez 1 a 0. Vogl, de pênalti, empatou. Mas Reguzzoni anotou dois gols ainda no primeiro tempo e deixou o Bologna na frente. Na segunda etapa, Fedullo fez o quarto e Reguzzoni marcou o quinto: 5 a 1.

Os campeões da Copa Mitropa de 1934. À esquerda, em pé: o técnico Lajos Kovács, Bruno Maini, Angelo Schiavio, Eraldo Monzeglio e Aldo Donati; Agachados: Felice Gasperi, Giordano Corsi, Mario Montesanto, Francisco Fedullo e o massagista Amedeo Bortolotti.

 

Com mais uma goleada em casa, o Bologna faturou o bicampeonato da Copa Mitropa em um ano mágico para o futebol italiano. Reguzzoni, com 10 gols, foi o artilheiro da competição e Schiavio, com cinco, também figurou entre os goleadores. A taça manteve o Bologna no pelotão de elite do Calcio e mostrava que a equipe poderia voltar a brigar pelo Scudetto. No entanto, eles teriam que esperar mais uma temporada para vibrar novamente.

 

Mudanças no comando

Árpád Weisz, técnico que colocou o Bologna na rota dos títulos.

 

Após a conquista internacional de 1934, o Bologna teve mudanças em seu quadro diretivo. O clube passou a ser gerido naquele ano por Renato Dall’Ara, empresário de origem humilde que havia se mudado para Bolonha após iniciar uma próspera empresa de malhas que o enriqueceu, principalmente na confecção de jaquetas de tricô. Apaixonado por futebol, Dall’Ara não era um especialista-nato no esporte, mas um grande visionário que sabia administrar e escolher bons nomes para lhe ajudar naquele início de gestão – a presidência de Dall’Ara duraria 30 anos e ele se transformou no mais vitorioso presidente da história do clube. Em sua homenagem, o estádio Littoriale foi rebatizado como Stadio Renato Dall’Ara.

Foi com a notável intuição para bons negócios e parcerias que Dall’Ara buscou um novo técnico já com foco na temporada 1935-1936: o húngaro Árpád Weisz, campeão italiano treinando a Ambrosiana-Inter em 1929-1930 e que vinha de bons trabalhos no Calcio naqueles anos 1930. Weisz assumiu o Bologna no decorrer da temporada 1934-1935, com os rossoblù terminando na 6ª colocação o Campeonato Italiano e a Juventus sacramentando seu pentacampeonato.

Aquela foi a última temporada do defensor Eraldo Monzeglio com a camisa do Bologna, pois o jogador se transferiu para a Roma em 1935. Isso fez com que o elenco entrasse para a nova etapa do Calcio como um dos mais enxutos entre todos os clubes italianos: apenas 16 jogadores (lembrando que o técnico Weisz usaria na verdade apenas 14 atletas em todo o campeonato nacional!), embora a espinha dorsal do time campeão da Copa Mitropa de 1934 ainda estivesse presente. Em sua primeira temporada completa no comando do time, Weisz deu sua cara ao Bologna, com muita disciplina tática, força defensiva e foco total em não perder pontos dentro de casa, além de adotar um esquema tático semelhante ao Metodo de Vittorio Pozzo, com dois homens na zaga, três mais à frente, dois no elo entre o meio e o ataque e três atacantes, dando flexibilidade para vários terem a chance de marcar gols.

O time de 1935-1936. Em pé: R. Sansone, M. Andreolo, D. Fiorini, M. Gianni, C. Reguzzoni, B. Maini, M. Montesanto e F. Gasperi; Agachados: F. Fedullo, A. Schiavio e G. Corsi.

 

Com Schiavio cada vez mais decisivo atuando como centroavante, o talento de Reguzzoni pela ponta-esquerda e Fedullo mais recuado, os rossoblù iniciaram a caminhada na Série A da melhor maneira possível: quatro vitórias nas quatro primeiras rodadas, goleando o Genoa por 4 a 1, em casa, batendo a Fiorentina por 1 a 0, fora, vencendo a Ambrosiana-Inter por 3 a 0, em casa, e o Napoli por 1 a 0, fora. Na 5ª rodada, empate sem gols contra a Juventus, fora de casa, seguido de mais três vitórias: 1 a 0 no Brescia, em casa, 2 a 1 no Milan em pleno San Siro e 2 a 0 na Roma, em casa. O Bologna foi líder por 14 rodadas seguidas e só perdeu o posto na 15ª jornada, para a Juventus, por um ponto, fruto da queda de rendimento da equipe no final do turno, após quatro empates, uma vitória e duas derrotas – curiosamente para Bari e Palermo, ambos da parte de baixo da tabela.

 

Chega dessa Velha!

1935–36 Serie A – FBC Torino v Bologna AGC – Pietro Buscaglia e Mario Gianni

 

No returno, as cinco rodadas seguintes foram de muito equilíbrio, com Bologna e Juventus polarizando a disputa. Os rossoblù empataram com o Genoa (1 a 1, fora), venceram a Fiorentina (1 a 0, em casa), perderam para a Ambrosiana-Inter (3 a 1, fora), e venceram o Napoli (2 a 1, em casa). Na 20ª rodada, o tão aguardado confronto entre Bologna e Juventus, no Littoriale completamente lotado. E a torcida foi ao delírio quando Schiavio, aos 25’, abriu o placar. Minutos depois, Gerardo Ottani fez 2 a 0. A Juve ainda descontou com Guglielmo Gabetto, mas foi insuficiente: vitória rossoblù por 2 a 1 e liderança isolada aos comandados de Weisz, com 28 pontos contra 26 da Velha Senhora!

Bruno Maini, Carlo Reguzzoni e Angelo Schiavio.

 

Mas haveria muita emoção até o final. Na rodada seguinte, o Bologna viajou até Brescia e perdeu para os donos da casa por 3 a 0, na pior derrota da equipe na competição. A volta por cima veio em seguida, com um categórico 4 a 1 sobre o Milan, em casa, com dois gols de Schiavio. Nas três rodadas seguintes, pontos perdidos contra Roma (derrota por 1 a 0, fora de casa), e empates contra Sampierdarenese (0 a 0, em casa) e Alessandria (1 a 1, fora), resultados que deram a liderança ao Torino, líder nas rodadas 24 e 25, mas que perdeu o posto para o Bologna na 26ª jornada com o triunfo dos rossoblù sobre os granata por 2 a 0, gols de Reguzzoni e Maini. Dali em diante o Bologna não perdeu mais a ponta: vieram dois empates (1 a 1 com a Lazio e 0 a 0 com o Bari, ambos fora de casa), e vitórias em casa contra Palermo (1 a 0) e Triestina, que levou de 3 a 0 no dia 10 de maio de 1936, data histórica que sacramentou mais um título italiano dos rossoblù e encerrou de vez a hegemonia da Juventus na Série A – os bianconeri nem sequer ficaram no topo, pois terminaram apenas na 5ª colocação.

O Bologna campeão de 1935-1936: meio campo criativo e muito forte municiava muito bem a dupla Schiavio e Reguzzoni, referências do ataque rossoblù.

 

O Bologna terminou com 40 pontos (a vitória valia dois pontos na época), um ponto a mais do que a vice-campeã Roma. Em 30 jogos, foram 15 vitórias, 10 empates, cinco derrotas, 39 gols marcados e 21 sofridos (segunda melhor defesa do torneio). A equipe de Weisz foi a que ficou mais tempo sem perder – 12 jogos – e a que mais permaneceu na liderança isolada ao longo do torneio – 18 rodadas. Schiavio, com 10 gols, foi o artilheiro da equipe na Série A, embora tenha ficado bem longe do pelotão de frente de goleadores – Giuseppe Meazza anotou 25 gols, Gabetto, 20 tentos, e Silvio Piola fez 19 gols.

Michele Andreolo, craque do meio de campo do Bologna e da Itália.

 

A conquista do Bologna foi marcante não só por quebrar a sequência de cinco títulos da Juve, mas pelo fato de o time utilizar apenas 14 jogadores (!) ao longo da campanha, algo único e que jamais foi repetido na história do Campeonato Italiano. Foi a prova máxima do excelente preparo físico e do trabalho do técnico Árpád Weisz, que mostrou sua capacidade plena de montar times competitivos e disciplinados. O húngaro foi ainda o primeiro treinador a vencer o Scudetto por duas equipes diferentes na história do Calcio! Após o título, o Bologna disputou a Copa Mitropa, mas foi eliminado já nas oitavas de final para Áustria Viena do lendário Matthias Sindelar, que anotou um dos gols da vitória por 4 a 0 que tirou os rossoblù da briga pelo tri.

 

Reforços e manutenção da coroa

Amedeo Biavati, exímio ponta-direita do Bologna.

 

Para a temporada 1936-1937, o técnico Weisz ganhou os aportes do goleiro Carlo Ceresoli, do atacante Amedeo Biavati (revelado pelo clube, mas ausente na temporada anterior por estar no Rimini) e do centroavante Giovanni Busoni, que assumiu a posição de Schiavio, que não estava mais em sua melhor forma física e pouco jogaria naquela temporada. Com o time entrosado e embalado, o Bologna entrou para ser bicampeão consecutivo, mesmo com muitos concorrentes na disputa, em especial o Torino e a Lazio do goleador Silvio Piola. Os rossoblù permaneceram invictos nas primeiras sete rodadas e conseguiram grandes vitórias contra a Ambrosiana-Inter (1 a 0, fora de casa) e Genoa (1 a 0, fora). Após o primeiro revés (1 a 0 para o Torino, na 8ª rodada), os petroniani derrotaram o Napoli (1 a 0, fora de casa), empataram com a Juventus (1 a 1, em casa), venceram a Roma (1 a 0, fora), empataram com a Fiorentina (1 a 1, em casa), venceram o Triestina (2 a 1, fora), golearam a Novara (5 a 1, em casa) e perderam para o Milan por 1 a 0, fora.

O time bicampeão teve o reforço de Biavati no lado direito do ataque e manteve a base defensiva e do meio de campo. Mesmo sem Schiavio em boa parte da temporada, o esquadrão rossoblù continuou forte.

 

No returno, as três vitórias seguidas sobre Alessandria (4 a 0, em casa), Bari (1 a 0, fora) e Ambrosiana-Inter (1 a 0, em casa), devolveram a liderança ao Bologna, que segurou a Lazio fora de casa (empate sem gols na 19ª rodada), fundamental para manter a distância de dois pontos entre os times. Aquele foi o primeiro dos cinco empates seguidos do Bologna, que empatou em 0 a 0 com o Luchese e mostrou muito poder de reação nos três jogos alucinantes que vieram na sequência. Primeiro, contra a Sampierdarenese, fora de casa, os rossoblù levaram 2 a 0 na primeira etapa e empataram em 2 a 2 com gols de Reguzzoni e Andreolo. Na partida seguinte, contra o Genoa, em casa, os genoveses fizeram 2 a 0, o Bologna descontou, o Genoa fez 3 a 1, Andreolo descontou de novo e Arcari III fez 4 a 2 ainda no primeiro tempo para os visitantes. Na segunda etapa, Andreolo e Corsi empataram em 4 a 4. E, na 23ª rodada, jogando fora de casa, o Bologna levou 2 a 0 do Torino, virou no segundo tempo para 3 a 2 e levou um gol que decretou o 3 a 3 diante de 30 mil pessoas no Stadio Filadelfia, casa do Toro na época.

Embora fizesse a alegria da torcida com um futebol rápido e ofensivo, o Bologna precisava parar com aquela “loucura” toda de gols marcados e sofridos, pois Milan e Torino estavam apenas a dois pontos dos rossoblù faltando sete rodadas para o fim. O técnico Weisz percebeu isso e seu time foi mais comedido na reta final. Na 24ª rodada, vitória por 2 a 1 sobre o Napoli, em casa, seguido de empate sem gols contra a Juventus, fora. Na 26ª rodada, triunfo por 1 a 0 sobre a Roma, em casa, e empate sem gols com a Fiorentina na rodada 27. Nas três últimas rodadas, os rossoblù venceram a Triestina (2 a 0, em casa), perderam para a Novara por 4 a 0, fora de casa, mas venceram o Milan por 2 a 0, em casa, com dois emblemáticos gols de Schiavio, e conquistou o bicampeonato italiano de maneira consecutiva.

A campanha foi ainda melhor do que na temporada anterior: 42 pontos (três pontos a mais que a vice-campeã Lazio), 15 vitórias, 12 empates, apenas três derrotas, 45 gols marcados e 26 gols sofridos (segunda melhor defesa) em 30 jogos. O Bologna foi líder isolado da 18ª até a 30ª rodada da competição. Carlo Reguzzoni, com 12 gols, foi o artilheiro da equipe mais uma vez, seguido de Giovanni Busoni, com nove. Foi a consagração definitiva daquele grande Bologna de Weisz, um time que jogava em esquema de jogo bem parecido com o da Itália de Vittorio Pozzo e que imprimia um ritmo intenso sobre os adversários, com muita troca de passes e preparo físico notável que possibilitava as reviravoltas demonstradas em vários jogos daquela campanha vitoriosa. Mas o apetite daquele esquadrão ainda não estava completamente saciado…

 

Campeões em Paris

O troféu em disputa em Paris.

 

Por conta de uma prestigiada exposição de artes e tecnologia realizada em Paris na primavera de 1937, foi organizado na capital francesa um torneio de futebol com os principais clubes do continente na época chamado Torneio Internacional da Expo Universal de Paris. Oito clubes foram convidados, entre eles o Bologna, campeão italiano, e também o Áustria Viena (campeão austríaco), Leipzig (campeão alemão), Olympique de Marselha (campeão francês), Slavia Praga (campeão tcheco) e ainda Sochaux-FRA, Phöbus Budapest-HUN e Chelsea-ING, em uma rara e inédita aparição de um clube inglês em uma competição internacional na época, pois eles ainda eram bastante reticentes sobre o futebol do resto do mundo e acreditavam serem os “reis do futebol” e sem rivais (tão soberbos…).

Bologna e Slavia Praga, durante a competição em Paris.

 

Por reunir os maiores esquadrões da época, o torneio ganhou enorme repercussão e foi tratado como primordial para todas as equipes, que enviaram suas forças máximas. O Bologna estreou contra o Sochaux e não tomou conhecimento do rival: 4 a 1. Na semifinal, os italianos encararam o Slavia Praga e venceram por 2 a 0, garantindo vaga na final. O adversário era o Chelsea, que havia confirmado o favoritismo ao despachar o Olympique de Marselha, nas quartas de final, e o temido Áustria Viena de Sindelar, nas semis. A decisão aconteceu no dia 06 de junho de 1937, no Stade Olympique Yves-du-Manoir, em Colombes, região de Paris e principal palco dos jogos de futebol das Olimpíadas de 1924 que consagrou a Celeste Olímpica do Uruguai.

 

Jogando com seu habitual time titular, o Bologna mostrou porque era o bicampeão nacional do país campeão do mundo e sapecou os esnobes ingleses por 4 a 1, com três gols de Reguzzoni e um de Busoni. Os rossoblù entraram em campo com: Ceresoli; Fiorini e Gasperi; Montesanto, Andreolo e Corsi; Sansone e Fedullo; Busoni, Schiavio e Reguzzoni. A conquista entrou direto no rol das mais importantes do clube e só comprovou a supremacia do Bologna no futebol do continente e também do futebol italiano. Em apenas duas temporadas, o técnico Árpád Weisz já colecionava dois títulos nacionais, um internacional e grandes exibições com seu Bologna. O antigo jornal francês “Le Matin” comentou na época sobre a partida:

 

“O Bologna é uma grande e bela equipe que mereceu a vitória no torneio de Exposição. Frente ao Sochaux, Slavia e Chelsea tem mostrado muita justiça, o melhor espírito desportivo sem falar que tem uma técnica e um treino que o colocam como a primeira equipa da Europa”.

 

Temporada de seca e o trágico fim de Árpád Weisz

Na época 1937-1938, o Bologna precisou ir às compras mais uma vez para o setor ofensivo. Schiavio estava prestes a se aposentar e o clube precisava de mais jogadores para os compromissos da temporada, com os rivais também se reforçando e os atletas já pensando em garantir um lugar na Copa do Mundo de 1938. Com isso, o clube rossoblù trouxe os uruguaios Vicente Albanese, que podia ocupar o meio de campo e armar jogadas, e o atacante Norberto Liguera. O problema é que nenhum deles vingou, o time acabou perdendo muitos jogos e terminou apenas na 5ª colocação no Campeonato Italiano, vencido pela forte Ambrosiana-Inter de Giovanni Ferrari, Ugo Locatelli e Giuseppe Meazza. Embora a dupla Reguzzoni e Maini estivesse afiada – eles marcaram 15 e 11 gols, respectivamente – a zaga demonstrou mais fragilidade do que nas temporadas dos títulos e levou 34 gols em 30 jogos – muito para uma equipe que pretende ser campeã.

Na temporada 1938-1939, o Bologna e Árpád Weisz foram vítimas do fascismo que tomava conta da Itália naquele final de década. Com a aliança entre o ditador Benito Mussolini e o nazista Adolf Hitler, os judeus passaram a ser perseguidos de maneira implacável por todo país. O governo de Mussolini exigia a expulsão de qualquer judeu que estivesse em solo italiano a partir de 1919. E Weisz era um deles. O técnico foi obrigado a abandonar o Bologna e se esconder com sua família em Bardonecchia, depois em Paris até se alojar em Dordrecht, na Holanda.

Por lá, Weisz conseguiu exercer a profissão de técnico e esperava o fim da Guerra (que na verdade estava apenas começando…) para poder voltar à Itália ou a algum clube de elite. Mas nada disso aconteceu. O Reich expandiu ainda mais seu domínio na Europa e chegou ao território holandês em 1942. A perseguição aos judeus estava tão grande na época que eles tinham que usar uma estrela amarela em suas roupas. Os filhos de Weisz foram expulsos da escola e o treinador teve que abandonar o clube que dirigia no país, o FC Dordrecht, após ameaças da polícia do Reich.

Tempo depois, Weisz e sua família foram presos pela Gestapo e levados para o campo de concentração de Auschwitz. Os filhos de Weisz foram mortos na câmara de gás em 07 de outubro de 1942. O técnico foi levado temporariamente a um campo de trabalho na Alta Silésia para depois retornar a Auschwitz, onde também morreu na câmara de gás em 31 de janeiro de 1944, com apenas 47 anos.

Essa história trágica deixou Bolonha em profunda tristeza. Décadas depois, Weisz recebeu uma homenagem no estádio do Bologna com a instalação de uma placa na icônica Torre de Maratona. Em Milão, onde ele conquistou um Scudetto pela Inter, Weisz também foi homenageado com uma placa no estádio San Siro no Dia da Memória, em 2012, e como nome de um torneio de futebol para jovens organizado regularmente por uma comunidade judia de Milão. Weisz recebeu ainda homenagens em Novara e também em Bari. Ele também foi lembrado no livro Dallo Scudetto ad Auschwitz: Vita e Morte di Árpad Weisz, de Matteo Marani.

 

O retorno de Hermann Felsner 

Sem treinador bem no começo da Série A de 1938-1939, o Bologna foi buscar um conhecedor pleno para retomar seu caminho na competição. E não poderia ser outra pessoa: Hermann Felsner, comandante do time lá nos anos 1920 e bicampeão italiano pelo clube. O austríaco chegou em outubro de 1938 já com o Campeonato Italiano em andamento e viu um elenco ainda forte mesmo sem Schiavio. A diretoria trouxe o atacante uruguaio naturalizado italiano Héctor Puricelli e também os italianos Secondo Ricci, para a zaga, e Aurelio Marchese, para o meio de campo. O início da competição estava equilibrado até a 5ª rodada, quando a Liguria assumiu a liderança na 6ª e permaneceu até a 8ª jornada. O Bologna foi atrás dos genoveses emendando quatro vitórias seguidas após a chegada de Felsner: 2 a 0 na Lazio, 3 a 1 no Novara, 2 a 1 no Milan e 2 a 1 na líder Liguria fora de casa. Na 9ª rodada, a vitória por 1 a 0 sobre a Juventus deixou o Bologna na liderança, ao lado do Torino, com 14 pontos.

Puricelli, principal artilheiro dos títulos italianos de 1938-1939 e 1940-1941.

 

Mesmo com três empates seguidos após o triunfo sobre a Juve, o Bologna venceu a Roma por 1 a 0, em casa, massacrou o Napoli fora de casa por 6 a 1 e empatou em 1 a 1 com a Ambrosiana-Inter, terminando o primeiro turno na liderança, ao lado da Liguria, com 22 pontos. Mas a dominância daquele time seria vista de maneira notável no returno. Foram mais oito jogos de invencibilidade, com quatro vitórias (incluindo um 2 a 1 sobre a Lazio fora de casa e 1 a 0 sobre o Milan em Milão) e quatro empates, resultados que mantiveram os rossoblù no topo. Após o revés para a Juventus por 1 a 0 na 24ª rodada, o Bologna venceu mais três jogos, empatou dois e perdeu apenas um, selando mais uma conquista nacional.

Após uma vitória sobre o Napoli por 4 a 0, em maio de 1939, os jogadores do Bologna acenam para as autoridades fascistas na tribuna do Estádio Littoriale. Era a difícil realidade da Guerra… Da esquerda para a direita: Hermann Felsner (técnico), Fedullo, Corsi, Fiorini, Biavati, Puricelli, Ceresoli, Maini e Pagotto.

 

Em 30 jogos, o Bologna venceu 16, empatou 10, perdeu apenas quatro, marcou 53 gols (segundo melhor ataque) e sofreu 31 (terceira melhor defesa). Os campeões foram os que mais venceram, os que menos perderam, os que tiveram o melhor saldo de gols e os que ficaram mais tempo sem perder – da 5ª até a 23ª rodada. Puricelli foi decisivo e se tornou o artilheiro do campeonato daquela temporada, ao lado de Aldo Boffi, do Milan, com 19 gols. Ele foi ainda o artilheiro máximo do Bologna na temporada com 23 gols em 32 jogos, seguido de Reguzzoni, com 10 gols em 35 partidas.

Os rossoblù ainda disputaram a Copa Mitropa de 1939, venceram o Vénus-HUN por 5 a 1 no agregado, mas foram eliminados na semifinal para o Ferencváros-HUN após vencer em casa por 3 a 1 (três gols de Puricelli) e perder a volta por 4 a 1. A conquista do Scudetto foi a melhor homenagem possível ao técnico Árpád Weisz, que ainda vivia sob a pressão do Reich naquele ano de 1939. Vale lembrar que em 1938 a Itália foi bicampeã do mundo com três jogadores do Bologna em seu elenco: o goleiro Carlo Ceresoli, o meio-campista Michele Andreolo e o atacante Amedeo Biavati, estes dois últimos titulares da Azzurra.

 

Bi escapa por pouco

Troféu da temporada 1939-1940 da Série A acabou ficando com a Ambrosiana-Inter.

 

Detalhes impediram uma hegemonia ainda maior do Bologna na temporada 1939-1940. A equipe voltou a demonstrar enorme poder de fogo e lutou pelo título italiano principalmente a partir da 11ª rodada, quando assumiu a liderança isolada e assim permaneceu até a 18ª rodada. Na 19ª jornada, os rossoblù dividiram o topo com o Genoa, mas voltaram à liderança da 20ª até a 24ª, com vitórias sobre Fiorentina (3 a 2), Genoa (2 a 1, fora de casa), Milan (1 a 0) e Novara (4 a 0) e um empate em 2 a 2 com a Lazio. Mas, após empatar em 1 a 1 com o Bari e perder para a Juventus por 1 a 0, faltando quatro rodadas para o fim, o topo ficou com a Ambrosiana-Inter.

Os rossoblù ainda venceram o Venezia (2 a 0) e o Liguria (2 a 0), empataram em 1 a 1 com o Napoli e chegaram na última rodada precisando da vitória sobre a Ambrosiana-Inter, fora de casa, para ficar com o título. Apenas um ponto separava a nerazzurri dos rossoblù, por isso, o duelo era tido como uma legítima final. Mas um gol de Ferraris II logo aos 9’ do primeiro tempo decretou o triunfo por 1 a 0 da equipe de Milão, que ficou com o Scudetto ao somar 44 pontos, contra 41 do Bologna.

Mesmo vice-campeão, o Bologna foi a equipe que menos perdeu (cinco derrotas), a que teve a melhor defesa (23 gols sofridos, ao lado da Ambrosiana-Inter) e a que ficou mais tempo invicta (13 jogos, da 6ª até a 18ª rodada). Puricelli e Reguzzoni foram os artilheiros rossoblù com 14 gols cada. Mas não havia tempo para lamentar. Com a 2ª Guerra Mundial em voga, o Campeonato Italiano poderia ser paralisado a qualquer momento. Por isso, com a edição 1940-1941 confirmada, era hora de tentar um novo título para aproveitar ao máximo aquela geração rossoblù.

 

Ainda mais forte

Giovanni Ferrari, reforço do Bologna para a temporada 1940-1941.

 

O técnico Hermann Felsner foi buscar um importante reforço para a época seguinte do Bologna: o experiente meia Giovanni Ferrari, de 33 anos, bicampeão do mundo com a Itália, sete vezes campeão nacional e pouco aproveitado na Ambrosiana-Inter. Ele chegou para dar ainda mais força ao setor de criação do meio de campo da equipe e poderia atuar nas posições de Sansone ou Andreoli, titulares absolutos. No ataque, Biavati, Reguzzoni e Puricelli eram os protagonistas, principalmente este último, no ápice da forma e letal em jogadas aéreas. Na zaga, Pagotto e Ricci formariam o miolo defensivo, com o veterano Maini atuando mais recuado pela direita, e Marchese pelo lado esquerdo. Para muitos, era o plantel mais forte do Bologna em muito tempo, até mais do que o time bicampeão consecutivo sob o comando de Árpád Weisz.

 

Purigol!

O time de 1941. Em pé: Ricci, Montesanto, Fedullo, Andreoli, Reguzzoni e Andreolo. Agachados: Pagotto, P. Ferrari, Biavati, Puricelli e Sansone.

 

A estreia do Bologna na Série A de 1940-1941 foi com vitória de 2 a 1 sobre a Roma, em casa, gols de Puricelli e Giovanni Ferrari, que começou melhor do que nunca sua trajetória com a camisa rossoblù. O meia ainda anotou outro gol na partida seguinte, contra a Juventus, mas a Velha Senhora venceu por 3 a 1. Na sequência, o esquadrão de Felsner venceu três jogos seguidos (3 a 0 no Torino, 1 a 0 no Genoa e 1 a 0 na Atalanta) e empatou em 4 a 4 com o Napoli fora de casa. Após outro empate (1 a 1 com o Venezia, em casa), os rossoblù venceram o Novara por 1 a 0, fora de casa, e golearam o Bari por 5 a 1, em casa, resultados que deixaram a equipe petroniani na liderança. Após o tropeço diante da Ambrosiana-Inter por 2 a 1 fora de casa, na 10ª rodada, os rossoblù emendaram nove jogos sem perder e retomaram a ponta. Eles venceram o Milan por 4 a 2, em casa, empataram com o Livorno em 2 a 2, fora, venceram a Fiorentina em um alucinante 5 a 3, em casa, bateram a Triestina por 2 a 0, em casa, e venceram a Lazio por 4 a 2, fora, fechando o turno com 23 pontos, dois a mais que a Ambrosiana-Inter. Àquela altura, o ataque rossoblù era um dos destaques da competição, em especial o atacante Puricelli, simplesmente uma máquina naquela temporada. Ele já havia anotado 16 gols, sendo oito deles em apenas quatro jogos, com dois gols em cada um da 11ª até a 14ª rodada.

Com Giovanni Ferrari no meio, Biavati e Reguzzoni pelas pontas e Puricelli infernal no ataque, o Bologna foi uma máquina de gols na temporada 1940-1941.

 

No returno, a série invicta continuou: empate em 1 a 1 com a Roma, fora, vitória por 1 a 0 sobre a Juventus, em casa, empate sem gols com o Torino, fora, e vitória por 4 a 1 sobre o Genoa, em casa, com mais dois gols de Puricelli. Aliás, era no alçapão do estádio Littoriale que o Bologna mais se destacava – e onde a equipe não perdia desde 1938. Eram mais de dois anos sem derrota em casa! Com quatro pontos de vantagem sobre a Ambrosiana-Inter, o Bologna ostentava uma margem bastante confortável na liderança após a 19ª rodada, uma das maiores da equipe entre todas as suas caminhadas no Calcio. Nem as derrotas para Atalanta e Venezia, nas 20ª e 22ª rodadas, respectivamente, tiraram os rossoblù da ponta, pois eles venceram o Napoli por 3 a 0 e o Novara pelo mesmo placar, ambos em casa. Mas, na 24ª rodada, o alerta foi ligado. A equipe perdeu por 1 a 0 para o Bari, fora de casa, e viu a diferença cair para apenas dois pontos para a Ambrosiana-Inter. E seria exatamente a equipe nerazzurri a adversária dos petroniani na 25ª rodada. Claro que o filme da temporada anterior passou pela cabeça dos jogadores. Mas, se eles quisessem dar a volta por cima e conquistar o título, era imprescindível vencer os milanistas na “revanche” de 30 de março de 1941, em casa, no Littoriale.

 

Eles fizeram o mundo tremer

O Littoriale estava absolutamente lotado (mais de 24 mil pessoas) para o duelo entre Bologna e Ambrosiana-Inter. Mesmo sem o titular Andreolo, lesionado, o time da casa vinha com seus principais jogadores, principalmente do meio de campo para frente, com Sansone, Giovanni Ferrari, Biavati, Reguzzoni e o artilheiro Puricelli. A Ambrosiana-Inter não deixava por menos e foi com Ugo Locatelli, Umberto Guarnieri, Pietro Ferraris e Attilio Demaría. Mas, em campo, o que se viu foi um show do Bologna, em uma das mais lendárias apresentações da história do clube. Reguzzoni abriu o placar aos 13’ e Puricelli deixou mais um para sua coleção, aos 30’. Logo no primeiro minuto do segundo tempo, Biavati fez 3 a 0 e ele mesmo ampliou, aos 38’. Faltando dois minutos para o fim, Reguzzoni fechou a goleada: 5 a 0. O resultado deixou o Bologna com quatro pontos de vantagem sobre os nerazzurri e 10 para o Milan, que vinha em ascensão e teria melhor campanha do segundo turno.

A vitória lavou a alma dos rossoblù, que tinham a equipe de Milão entalada na garganta há muito tempo. Uma vitória daquele tamanho naturalmente colocou o Bologna como favorito pleno ao título e fez até a equipe perder para o Milan na rodada seguinte por 5 a 1, mas eles logo venceram o Livorno por 3 a 0, em casa, e entraram na contagem regressiva para o Scudetto. Na rodada 28, a equipe foi até Florença e acabou perdendo para a Fiorentina, mas já na rodada seguinte empatou sem gols com a Triestina e conquistou com uma rodada de antecipação o título italiano.

A festa diante da torcida foi na última rodada, contra a Lazio, ao melhor estilo daquele esquadrão: os romanos abriram 2 a 0, mas Reguzzoni e Biavati empataram para dar mais um ponto à campanha rossoblù. Em 30 jogos, foram 39 pontos, com 16 vitórias, sete empates, sete derrotas, 60 gols marcados (melhor ataque) e 37 gols sofridos (segunda melhor defesa). O Bologna, além de ter a maior pontaria da competição (ao lado da Fiorentina), foi o time que mais venceu, que menos perdeu, que teve o melhor saldo de gols (+23), outra vez a maior série invicta (nove jogos) e o que mais permaneceu na liderança isolada (nas 8ª e 9ª rodadas e da 12ª até a 30ª rodada). O título aumentou ainda mais a invencibilidade rossoblù jogando em casa: eles completaram três anos sem perder sob seus domínios.

Puricelli, como não poderia deixar de ser, foi o artilheiro máximo do campeonato com 22 gols em 27 jogos disputados, quatro à frente de Romeo Menti, da Fiorentina. Reguzzoni foi o 4º maior artilheiro da Série A de 1940-1941 com 17 gols. Biavati, com oito gols, e Andreoli, com sete, foram os outros goleadores do Bologna no torneio.

O quarto Scudetto em apenas seis anos transformou aquele Bologna em uma lenda na Itália. Foi após a brilhante campanha de 1940-1941 que o esquadrão do técnico Felsner ficou conhecido como “o Bologna que fez o mundo tremer”, por seu poder ofensivo, sua dominância sobre os adversários, seu poder de reação e os jogos alucinantes e pirotécnicos que era capaz de protagonizar. No entanto, aquela seria a temporada derradeira do timaço rossoblù.

 

À espera dos anos 1960

O Estádio Renato Dall’Ara, palco dos grandes momentos do Bologna dos anos 1930. Foto: Giorgio Benvenuti.

 

Com os jogadores envelhecendo e a saída de Giovanni Ferrari, que foi pendurar as chuteiras na Juventus, o Bologna não conseguiu manter o ritmo de antes, pouco reforçou seu elenco e terminou na 7ª colocação a Série A de 1941-1942. Com a eclosão definitiva da 2ª Guerra Mundial, o Campeonato Italiano parou em 1943 e só retornaria em 1945, mas já com a hegemonia do Grande Torino. O Bologna só retornaria aos holofotes em 1963-1964, temporada de seu último título italiano, com nomes como Giacomo Bulgarelli, Helmut Haller e Harald Nielsen, além do técnico Fulvio Bernardini. Até hoje, o maior esquadrão da história do clube foi mesmo o construído por Hermann Felsner e Árpád Weisz nos anos 1930, uma equipe que consolidou a hegemonia italiana no continente com títulos internacionais, encerrou a dinastia da Juventus e consolidou a sua própria, com quatro Scudettos, grandes apresentações e façanhas que rendem homenagens e livros até hoje em Bolonha. Um esquadrão imortal.

 

Os personagens:

Mario Gianni: foram 12 anos de serviços prestados ao Bologna e a idolatria da torcida nas conquistas dos Scudettos de 1924-1925, 1928-1929 e 1935-1936. Ganhou o apelido de “Gato Mágico” por suas habilidades acrobáticas e grandes saltos para defender os chutes dos adversários. É até hoje o goleiro com mais jogos na história do clube (e o 9º na lista geral) com 363 jogos. Vestiu a camisa da Itália seis vezes, entre 1927 e 1933, mas nunca chegou a disputar uma Copa do Mundo por causa da concorrência com Combi, Ceresoli e Cavanna.

Carlo Ceresoli: um dos mais talentosos goleiros italianos dos anos 1930, Ceresoli brilhou pela Atalanta e pela Ambrosiana-Inter antes de chegar ao Bologna, em 1936, onde permaneceu até 1939 e foi fundamental nas campanhas do bicampeonato italiano e do Torneio da Expo de Paris. O arqueiro era presença certa na seleção da Itália na Copa de 1934, mas acabou machucando o braço durante a preparação e foi cortado. Ele acabou retornando em 1938 e esteve no elenco campeão do mundo. Ceresoli foi titular em oito jogos da Azzurra e disputou 72 jogos pelo Bologna.

Pietro Ferrari: cria do Reggiana, chegou em 1936 ao Bologna para ser reserva de Ceresoli, mas assumiu a titularidade já a partir de 1939 após a saída do titular. Permaneceu mais de 10 anos no clube e fez bons jogos, mas acabou levando mais gols do que seus antecessores por conta do estilo de jogo mais ofensivo praticado pelo Bologna naquele início de anos 1940. Foram 146 jogos pelo Bologna entre 1936 e 1947.

Dino Fiorini: zagueiro versátil, podia atuar tanto pela esquerda quanto pela direita no esquema de jogo do Bologna. Cria das bases, só vestiu o manto rossoblù na carreira, de 1932 até 1943, e estreou no time principal com apenas 18 anos. Fez dupla de zaga com Eraldo Monzeglio e foi figura presente em todos os títulos do clube naquele período de ouro. Fiorini acabou ingressando na Guarda Nacional Republicana em 1943 e morreu durante a 2ª Guerra Mundial em setembro de 1944, durante um confronto em Monterenzio. Seu corpo nunca foi encontrado.

Eraldo Monzeglio: um dos mais vitoriosos e talentosos jogadores de seu tempo, Monzeglio jogou por quase uma década no Bologna e esteve no time campeão italiano em 1928-1929 e que venceu as Copas Mitropa de 1932 e 1934. Podia atuar no miolo de zaga e também como lateral. Tinha excelente domínio de bola, era eficiente nos desarmes e compensava a baixa estatura com muita disciplina tática, qualidade que encantou o treinadores Hermann Felsner e, claro, Vittorio Pozzo, que levou o craque para as campanhas da Itália nas Copas de 1934 e 1938. Monzeglio vestiu a camisa da Azzurra 35 vezes entre 1930 e 1938.

Mario Pagotto: chegou ao Bologna em 1936, e, aos poucos, foi se firmando no time como um dos mais regulares atletas da equipe. Jogava como lateral-direito e também como zagueiro. Foi titular no time campeão italiano em 1938-1939 e em 1940-1941. Foram 245 jogos com a camisa rossoblù. Foi prisioneiro de guerra por quase dois anos até retomar a carreira em 1945 no próprio Bologna.

Felice Gasperi: outra lenda do Bologna e que só vestiu a camisa rossoblù na carreira, Gasperi foi um dos pilares da zaga da equipe por mais de uma década. Começou em 1924 no time titular e permaneceu até 1938, faturando quatro títulos italianos e duas Copas Mitropa. É o 5º jogador com mais jogos pelo Bologna na história: 405 partidas. Embora fosse um dos melhores defensores do país, Gasperi acabou preterido por Vittorio Pozzo nas Copas de 1934 e 1938.

Secondo Ricci: chegou em 1938 ao Bologna e permaneceu no clube até 1950, atuando majoritariamente como zagueiro pelo lado esquerdo e fez uma boa dupla ao lado de Mario Pagotto. Foram mais de 180 jogos com a camisa rossoblù.

Mario Montesanto: após iniciar a carreira no Veneza, onde jogou por dois anos, o meio-campista chegou em 1930 ao Bologna e se transformou em um dos mais importantes atletas do time na década. Ao lado de Fedullo, Biavati, Sansone e Andreolo, Montesanto compôs a espinha dorsal do esquadrão rossoblù multicampeão, jogando sempre pelo lado direito do setor central do campo, ajudando na marcação, nos passes e nas jogadas de ataque. Foram 280 jogos e 10 gols pelo Bologna entre 1930 e 1942.

Michele Andreolo: uruguaio de nascimento, Andreolo mudou-se para a Itália em 1935 e por lá conseguiu se naturalizar. Jogando pelo Bologna, ganhou a titularidade rapidamente por sua qualidade tanto para desarmar adversários como na criação de jogadas e também como opção no ataque. Andreolo se transformou em um dos principais jogadores do Calcio, a ponto de ser convocado por Vittorio Pozzo e ser titular na Itália bicampeã do mundo em 1938. O meio-campista fez gols decisivos e participou ativamente dos quatro títulos italianos daquele Bologna. Foram 195 jogos e 24 gols pelo clube entre 1935 e 1943. Uma lenda rossoblù.

Aldo Donati: meio-campista revelado pelo Bologna, jogou de 1929 até 1937 no clube e esteve nos times campeões do período. Tinha características mais de marcação e não tanto de criação. Acabou perdendo a posição de titular a partir de 1935 com a entrada de Andreolo no time titular. Foi jogar na Roma, pela qual também foi campeão italiano, em 1941-1942. Esteve na Itália campeã do mundo na Copa de 1938.

Giordano Corsi: outro meio-campista muito importante para o sucesso do Bologna nos anos 1930, Corsi jogou de 1933 até 1941 nos rossoblù e foi titular do miolo central da equipe nas campanhas dos títulos italianos de 1935-1936, 1936-1937 e 1938-1939, jogando pelo lado esquerdo, ao lado de Montesanto e Andreolo. No título de 1940-1941, acabou perdendo espaço para Marchese e Giovanni Ferrari.

Aurelio Marchese: com muita classe no meio de campo e forte temperamento, Marchese foi titular do time campeão italiano em 1940-1941 atuando em 27 dos 30 jogos da equipe na campanha vitoriosa. Ele chegou ao Bologna em 1938 e permaneceu até 1944, retornando em 1945.

Bruno Maini: foi um dos principais atacantes pelo lado direito do Bologna na campanha do título italiano de 1935-1936. Cria do clube, começou em 1926 a despontar nos rossoblù e jogou um período no Livorno entre 1928-1929 até retornar em 1929 e permanecer até 1941. Com a volta de Amedeo Biavati em 1936-1937, foi para a reserva, mas disputou vários jogos após esse período e voltou ao time titular na temporada 1940-1941, chegando a atuar mais recuado, praticamente como lateral-direito. É o sétimo maior artilheiro do Bologna em campeonatos italianos com 89 gols em mais de 280 jogos disputados.

Amedeo Biavati: cria do Bologna e um dos mais criativos jogadores de seu tempo, Biavati foi uma lenda rossoblù e do futebol italiano com seus dribles desconcertantes – em especial a pedalada – suas investidas ao ataque e classe com a bola nos pés. Jogando sempre pelo lado direito, marcava gols, dava passes e compôs a melhor linha ofensiva da história do clube naquela era magnífica. Biavati brilhou, também, pela seleção italiana, pela qual venceu a Copa do Mundo de 1938 como titular do ataque do timaço de Vittorio Pozzo. Em 258 jogos pelos rossoblù, Biavati marcou 70 gols. Ele jogou de 1932 até 1934 e de 1936 até 1948 no Bologna.

Raffaele Sansone: outro uruguaio que se naturalizou italiano naqueles anos 1930, o meia brilhou no Bologna a partir de 1934 integrando todos os times rossoblù titulares e campeões da Itália de 1935-1936, 1936-1937, 1938-1939 e 1940-1941. Ao lado do também uruguaio Fedullo, o meia foi um dos principais assistentes de Angelo Schiavio nos primeiros anos de ouro daquele Bologna, principalmente no bicampeonato consecutivo, com uma enorme compreensão de jogo e grande senso de posicionamento. Sansone disputou mais de 280 jogos pelo Bologna e marcou 40 gols.

Giovanni Ferrari: habilidoso, forte fisicamente e muito versátil, Ferrari chegou ao Bologna como bicampeão do mundo pela Itália, heptacampeão italiano por Juventus e Ambrosiana-Inter e já uma lenda incontestável de seu país. E é claro que ele deu muita qualidade ao time rossoblù na única, porém histórica, temporada no clube. Com sua visão de jogo privilegiada, passes precisos e presença de ataque, Ferrari disputou 16 jogos na campanha do título nacional de 1940-1941 e marcou dois gols. Com oito Scudettos, se tornou um dos mais vencedores jogadores de todos os tempos e um símbolo de uma era de ouro do futebol italiano.

Angelo Schiavio: maior artilheiro da história do Bologna com 251 gols em 364 jogos, quarto maior artilheiro da história do Campeonato Italiano com 242 gols em 348 jogos, fiel ao Bologna em toda a carreira, de 1922 até 1938, quatro vezes campeão italiano, duas vezes campeão da Copa Mitropa, campeão do mundo com a Itália em 1934, medalhista de bronze olímpico nos Jogos de 1928, artilheiro do Campeonato Italiano de 1931-1932 com 25 gols e inserido no Hall da Fama do Calcio em 2012. Schiavio é dono de todas essas marcas e um verdadeiro patrimônio de Bolonha (onde nasceu) e do Bologna FC. Artilheiro implacável, Schiavio foi um dos mais prolíficos e inteligentes atacantes de seu tempo e da Itália, um atleta além de sua época, capaz de se desvencilhar dos zagueiros como poucos, que não tinha medo de encarar divididas e que brigava pela bola a todo momento. Era um centroavante que se deslocava e saía da área para buscar a bola, passar, chutar, tabelar, driblar. Seus números e recordes são os exemplos da qualidade que Angiolino carregou. Pela Azzurra, disputou 21 jogos e marcou 15 gols, o mais importante deles o do título da Copa do Mundo de 1934. Simplesmente imortal.

Giovanni Busoni: quando Schiavio estava prestes a se aposentar, Busoni chegou para compor o elenco rossoblù e fazer o papel de centroavante de ofício da equipe na temporada 1936-1937, atuando em 29 jogos e marcando nove gols na campanha do bicampeonato. Permaneceu no clube até 1938 e retornou por um breve período em 1941.

Héctor Puricelli: mais um uruguaio de nascimento – que também ficou conhecido como Ettore Puricelli, seu nome após se naturalizar italiano -, o “Testina d’oro” chegou ao Bologna em 1938, após a aposentadoria de Schiavio, e não deu nem tempo de a torcida rossoblù sentir falta de seu ídolo. Com um faro de gol apuradíssimo e enorme letalidade em jogadas aéreas, ele virou rapidamente um dos maiores goleadores do time e foi o artilheiro do Campeonato Italiano de 1938-1939 com 19 gols em 28 jogos, temporada de mais um título rossoblù. O atacante foi ainda mais decisivo em 1940-1941, quando abocanhou a artilharia com 22 gols em 27 jogos, marcando pelo menos dois gols por partida em várias oportunidades. O curioso é que ele cresceu de produção exatamente no Bologna e só descobriu sua habilidade no cabeceio porque no Uruguai ele não tinha companheiros que pudessem cruzar com precisão para ele dentro da área. Foram 96 gols em 145 jogos com a camisa do Bologna entre 1938 e 1944 – Puricelli é o 9º maior artilheiro da história do clube.

Francisco Fedullo: outro uruguaio que brilhou no futebol italiano, Fedullo fez uma grande dupla no setor de meio de campo ao lado de Sansone e foi um dos pilares do time multicampeão italiano naquela segunda metade dos anos 1930. Além de aparecer no ataque para fazer gols, ele também criava jogadas e ajudava na marcação. Jogou de 1930 até 1939 no Bologna, disputou 254 jogos e marcou 54 gols.

Piero Andreoli: chegou em 1938 para compor o meio de campo, mas só foi assumir a titularidade a partir da temporada 1939-1940. Foi um dos que mais atuaram na campanha do título nacional de 1940-1941 e jogou no Bologna até 1942, até se transferir para o Hellas Verona.

Carlo Reguzzoni: segundo maior artilheiro da história do Bologna com 168 gols em 417 jogos e um dos principais atacantes da Itália nos anos 1930, Reguzzoni foi uma lenda rossoblù e peça mais do que fundamental para as glórias do clube naqueles anos de ouro. Rápido, oportunista, driblador e decisivo, esteve sempre ao dispor do time em todos os momentos e situações, assumindo a responsabilidade quando Schiavio já não estava mais na equipe ou ajudando Puricelli na transição de homem gol no início dos anos 1940. Reguzzoni jogou no Bologna de 1930 até 1943 e de 1945 até 1946. Uma pena não ter tido chances na seleção italiana – sempre foi preterido por Vittorio Pozzo e disputou apenas uma partida com a camisa da Azzurra (um simples amistoso em 1940).

Lajos Kovács, Árpád Weisz e Hermann Felsner (Técnicos): o húngaro Lajos Kovács foi importante na trajetória do Bologna na Copa Mitropa de 1934, mas o sucesso desse esquadrão se deve, sem dúvida, à dupla Weisz e Felsner. Weisz conseguiu formar um time extremamente competitivo, com uma zaga forte e que conseguia impor um ritmo frenético sobre os rivais com um grande preparo físico, resultando em dois títulos italianos e o Torneio da Expo de Paris. Já Felsner melhorou o que já era bom e impôs mais ofensividade ao time, que virou um dos maiores ataques da Itália e provou isso com o título de 1940-1941, que se somou às conquistas de 1924-1925, 1928-1929 e 1938-1939, além do austríaco ser considerado até hoje o maior treinador da história do clube, acima inclusive de Fulvio Bernardini, com mais de 15 anos de serviços prestados ao Bologna.

 

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Comentários encerrados

2 Comentários

  1. Mais um excelente texto, dessa vez com a história de um time simpático, tradicional na Itália, e cheio de estrelas que brilharam tanto no Bologna quanto na seleção italiana. Pena que a história por vezes crie a sombra dos horrores da Segunda Guerra Mundial sobre o futebol desses talentos (alô galera das colunas de futebol, olha o Guilherme Diniz dando show!!!). Sobre a parte triste Guilherme, uma pergunta: porque Árpád Weisz foi justamente para a Holanda, cuja história estava ligada a colaboração com o Holocausto? Ele não sabia ainda dos riscos de ir para essa nação? Num caso como o dele, pensei que ele iria para os EUA ou outra nação não-colaboracionista do Eixo, talvez o Brasil… Os horrores de Hitler sempre deixando o mundo chocado…

    • Muito obrigado pelos elogios e comentário, Diogo! Sobre a ida de Weisz para a Holanda, talvez tenha sido por causa da proximidade e circunstâncias. Para ele e sua família, seria bem difícil cruzar o Atlântico sem ser notado pelos nazistas… Uma pena e tristeza imensa tudo o que aconteceu. Mas o legado dele segue vivo em Bolonha, nas várias cidades que prestaram homenagens a ele e aqui no Imortais! 🙂

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