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Obrigado, D10s

Foto: Alessandro Sabattini/Getty Images.
Foto: Alessandro Sabattini/Getty Images.

 

Por Guilherme Diniz

 

Você sempre jogou mais do que todo mundo.

 

Nas canteras do Argentinos Juniors, você era o melhor dos juniors.

 

Mas gostava mesmo era do outro, o Boca.

 

Antes de ir para La Bombonera, foi colecionando fãs nas categorias de base e também pela seleção argentina, pela qual venceu um Campeonato Mundial Sub-20.

 

Em 1978, com apenas 17 anos, ficou de fora da Copa.

 

Mas sua hora ia chegar…

 

 

 

Antes, vestiu a camisa do Boca e levantou um título nacional.

 

Chamou a atenção do Barcelona e por lá levantou três canecos, mas não jogou o que tanto esperavam.

 

Chegou a hora da primeira Copa, em 1982, mas teve pela frente um Brasil dos sonhos que acabou com os seus.

 

Mas sua hora ia chegar….

 

Em 1984, aceitou o desafio de jogar pelo Napoli.

 

Muitos duvidaram de seu sucesso.

 

Mas você transformou o clube celeste num estrondo.

 

Multicampeão italiano, campeão europeu.

 

Viveu seu auge.

 

Tabelinhas e mais tabelinhas com Careca.

 

Lotação máxima no estádio San Paolo, que enchia muito antes de a bola rolar só para vê-lo se aquecer e brincar com a bola como se fosse uma extensão de seu corpo.

 

Puro deleite naqueles anos 1980.

 

Veio a sua segunda Copa, a de 1986.

 

E sua hora chegou.

 

Com a braçadeira de capitão, conduziu a Argentina ao título mundial.

 

Teve pela frente a Inglaterra, num jogo histórico e em meio ao drama da Guerra das Malvinas.

 

E você guardou exatamente para esse momento o seu espetáculo.

 

Primeiro, marcou o gol mais polêmico das Copas.

 

Aquele da “Mano de Dios”.

Depois, para não deixar dúvidas, fez o gol mais espetacular de todos os tempos, driblando meio time inglês e colocando a pelota no fundo do gol.

Na semifinal, marcou mais dois contra os belgas e carimbou a vaga na final.

 

Contra a Alemanha, não deixou o seu, mas deu a Burruchaga o gol do título naquele angustiante 3 a 2.

 

Com a taça em suas mãos, sua divindade estava garantida.

Você podia se gabar que havia vencido uma Copa sozinho.

 

E venceu mesmo, oras bolas! Podem dizer o que for, você foi o cara!

 

Quatro anos depois, você tentou o bi na Itália, então sua segunda terra.

 

Nas oitavas, se vingou do Brasil com aquele passe para o gol de Caniggia.

 

E, nas semis, teve que enfrentar a dona da casa em plena cidade de Nápoles, que se viu dividida a ponto de dizer “nós te amamos, Diego, mas a Itália é nossa pátria”.

 

Tudo bem, Goycochea garantiu a vaga na final após empate em 1 a 1 no tempo normal e vitória nos pênaltis.

 

No entanto, aquela Argentina não era a mesma de 1986. E deu Alemanha.

 

A partir dali, você passou por momentos difíceis.

 

Más escolhas.

 

Até que apareceu na Copa de 1994.

 

Estava fininho! Tão diferente…

 

E aquela mudança foi notada. A enfermeira te tirou do gramado…

 

Teve que dizer adeus à seleção.

 

Anos depois, do futebol.

 

 

Tentou ser técnico da albiceleste, mas outra vez a Alemanha atrapalhou seus planos na Copa de 2010.

 

Seu negócio era mesmo dentro do gramado.

 

Sua saúde foi cobrando o preço, ano após ano, de suas escolhas.

 

Mas você seguiu apaixonado pelo futebol, pela Argentina, pelo Boca.

 

Tinha seu lugar cativo em La Bombonera, onde gritava poucas e boas e outras não tão boas assim…

 

Você chegou aos 60 anos com aparência frágil, olhar vago.

 

Nem parecia mais você.

 

Mas, lá no fundo, todos sabiam que era você.

 

Você se foi abruptamente, repentinamente.

 

Este que escreve chorou.

 

Primeira vez na vida que choro por um jogador que se vai.

 

É que você foi maior do que podemos escrever ou transcrever.

 

Sua obra dentro dos gramados foi única, marcante – Mais lágrimas teimam em salgar minha vista.

 

Obrigado por tudo, Diego Armando Maradona.

 

Você será sempre o maior Diez. El Dios.

 

 

25 de novembro de 2020.

 

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Comentários encerrados

3 Comentários

  1. Maradona El D10s,o ÚNICO,capaz a ser comparado ao Rei Pelé,aliás,ganhou uma Copa sozinho,1986,coisa que nem Pelé conseguiu,Maradona foi o D10s para o povo Argentino sofrido,o que foi Ayrton Senna pro Brasil Diego foi para a Argentina,herói nacional que está no topo,aliás,Maradona dizia que Senna foi maior que Pelé,faltam as palavras neste momento,o Futebol e o mundo choram e muito,na maior perda da bola da sua história até o momento.que D10s esteje com Deus neste momento,e que descanse em paz

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